BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os dois principais candidatos à presidência do Senado receberam nesta quarta-feira (13) apoio de grandes bancadas da Casa. No entanto, a divisão no PSDB apresentou o primeiro golpe à candidatura de Simone Tebet (MDB-MS) e contribuiu para manter a vantagem de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), nome do atual presidente, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Desconsiderando possíveis traições, uma vez que o voto é secreto, o senador mineiro conta com o apoio de bancadas que reúnem 38 votos, enquanto a candidata do MDB tem a adesão de partidos que somam 27 parlamentares.
São necessários 41 votos para ser eleito, maioria absoluta no Senado.
Uma quarta-feira cheia de articulações marcou o primeiro dia com as duas candidaturas definidas. Na terça-feira (12), o MDB oficializou o nome de Tebet para disputar o comando do Senado, largando a corrida com os 15 votos da sua bancada, a maior da Casa.
Após uma reunião virtual, a bancada do Podemos, a terceira maior, com nove senadores, decidiu apoiar a candidata do MDB. A definição, no entanto, não foi por unanimidade. A reportagem apurou que a principal divergência partiu de Romário (Podemos-RJ), que anunciou sua preferência por Pacheco.
“O Podemos manifesta seu apoio à senadora Simone Tebet para a presidência do Senado Federal após discussão e reflexão sobre os seus compromissos e ideias. Como sempre, a bancada respeitará eventuais opiniões divergentes dos seus senadores”, afirmou nota assinada pelo líder da legenda, Álvaro Dias (PR).
“O partido confia na mudança e na afirmação do protagonismo ético do Senado, reafirmando seu compromisso com a independência dos poderes e a governabilidade”, completa.
A bancada do Cidadania, que conta com três senadores, também fechou questão em torno do apoio à Tebet. A decisão foi confirmada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), mas o anúncio será feito só no sábado (16), por questão de agenda dos parlamentares.
Mas a candidata do MDB perdeu o apoio do PSDB, uma bancada que figurava nos cálculos de seus aliados como uma adesão certa. Os tucanos têm sete senadores.
Em reunião virtual, a bancada se dividiu, com uma parte dos senadores defendendo a candidatura de Pacheco, pois o contrário afetaria interesses desses parlamentares em suas bases regionais.
O líder interino Izalci Lucas (PSDB-DF) então decidiu liberar a bancada para votar conforme a vontade de cada um. À reportagem, afirmou que o próprio MDB não demonstrou unidade e que tem notícias de traições internas entre os emedebistas. Além disso, alguns senadores tucanos enfrentariam problemas políticos em suas regiões caso apoiassem Tebet.
“Não podemos sacrificar os interesses regionais dos nossos colegas por uma candidatura que ainda está incerta, que não há garantia que vai ter o apoio prometido. Além disso, o próprio [senador José] Serra (SP) e a Mara Gabrilli (SP) já externaram suas posições, antes da bancada. Então não tinha como não liberar”, afirmou Izalci.
Mais cedo nesta quarta, tanto Serra como Gabrilli usaram suas redes sociais para externar apoio a Tebet, de forma independente da bancada.
“Declaro meu apoio à senadora Simone Tebet para a presidência do Senado. Renovar é preciso e estou certo de que sua eleição será um grande avanço. À frente da CCJ, Simone nos mostrou seriedade, firmeza e espírito democrático. Agora, vamos elegê-la a 1ª mulher presidente do Senado!”, escreveu Serra.
“Colegas senadores, vamos eleger Simone Tebet à presidência do Senado. Independência dos Poderes e harmonia, sem polarização. Simone representa renovação, seriedade, diálogo, além de valorizar a força da mulher na política”, afirmou Gabrilli.
Tebet deve se reunir nesta quinta (14) pela manhã com o líder da bancada tucana, Roberto Rocha (PSDB-MA), para tentar reverter a situação.
No outro lado da disputa, Pacheco reforçou seu bloco de apoio, com a adesão do PP e seus sete senadores.
“A bancada do Progressistas no Senado Federal, em reunião na manhã desta quarta-feira (13), decidiu apoiar a candidatura do senador Rodrigo Pacheco à presidência da Casa nas eleições que se aproximam”, informou nota da liderança da bancada, assinada por Ciro Nogueira (PP-PI).
“Acreditamos que o senador Rodrigo Pacheco se identifica com os anseios progressistas de unificar o Senado Federal em torno de projetos que vão garantir a retomada do crescimento econômico do país pós-pandemia e as reformas de que o Brasil precisa”, conclui.
Com a nova adesão, o bloco de Pacheco agora conta com oito siglas: DEM, PL, PP, PROS, PSC, PSD, PT e Republicanos.
Alcolumbre vem atuando para obter apoio para Pacheco. O demista também é o preferido de Bolsonaro, que já informou sua opção ao MDB e declarou publicamente que tem “simpatia” pelo mineiro.
Pacheco deve oficializar a sua candidatura na próxima semana, provavelmente no dia 18, após todas as bancadas anunciarem suas posições na disputa.
O senador mineiro e Alcolumbre adotaram a tática de fechar o máximo de alianças, enquanto o MDB ainda disputava individualmente os votos de apoio para ganhar a indicação da bancada. O partido informou em dezembro que teria candidato único e que o escolhido seria o que trouxesse mais votos de outras siglas.
Quatro partidos seguem sem definir seus candidatos. O PDT e seus três senadores devem aderir à candidatura de Pacheco. Alguns membros da bancada são próximos ao senador mineiro.
A bancada da Rede (2 senadores) e a do PSB (1) indicam que vão optar por Tebet.
Já o PSL, com dois parlamentares, também pode seguir esse caminho, embora Major Olímpio (SP) tenha se lançado pré-candidato no âmbito do movimento suprapartidário Muda Senado e tenha dito reiteradas vezes que pretende ir até o fim.
Os demais partidos do movimento, no entanto, já anunciaram apoios.
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Com PSDB dividido, candidato de Alcolumbre segue à frente na corrida do Senado
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