BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Com a mais recente reforma ministerial, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deve somar um total de 27 trocas no primeiro escalão em dois anos e meio de governo.
Após reunir-se com o senador Ciro Nogueira (PP-PI) nesta terça-feira (27), o mandatário convidou o parlamentar para comandar a Casa Civil, até então ocupada pelo general Luiz Eduardo Ramos.
Ciro confirmou nas redes sociais que aceitou o posto, e Ramos confirmou sua transferência para a Secretaria-Geral da Presidência.
Pelo desenho discutido da atual reforma, o general passa para o comando da pasta hoje com Onyx Lorenzoni, que será transferido para o Ministério do Emprego e Previdência, a ser recriado com o desmembramento da pasta da Economia.
O histórico de reformulação da Esplanada tem desde ministérios que estão em seu quarto titular em dois anos e meio de governo a estruturas desmembradas, além de uma pasta comandada pela mesma pessoa em duas ocasiões diferentes.
O levantamento leva em conta a substituição de um ministro ou a nomeação de um titular para uma pasta nova. Na AGU (Advocacia-Geral da União), por exemplo, houve duas trocas: André Mendonça deu lugar a José Levi, mas retornou para a mesma posição num rearranjo ministerial posterior.
A primeira mudança ministerial do atual governo ocorreu em fevereiro de 2019, com a demissão do ex-ministro Gustavo Bebianno na esteira das revelações feitas pelo jornal Folha de S.Paulo de um esquema de candidaturas laranjas do PSL partido pelo qual Bolsonaro se elegeu presidente em 2018.
Pouco mais de um mês depois, foi a vez de Ricardo Vélez deixar o Ministério da Educação, num primeiro capítulo da disputa entre as alas pragmática e ideológica do governo.
Vélez foi demitido em meio a uma queda de braço entre militares e seguidores do escritor Olavo de Carvalho.
Se os militares conseguiram a demissão do primeiro ministro da Educação, os ideológicos deram o troco em junho daquele ano.
O general Carlos Alberto dos Santos Cruz, primeiro titular da Secretaria de Governo, entrou em choque com os filhos do presidente e com seguidores de Olavo, principalmente sobre a gestão da comunicação do governo federal. Acabou dispensado por Bolsonaro.
O histórico de alterações no primeiro escalão tem ainda demissões que abriram crises, sendo a maior delas a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça.
O ex-juiz da Lava Jato chegou a Brasília com status de superministro, mas não tardou a entrar em conflito com o chefe.
Após Bolsonaro insistir na troca do diretor-geral da Polícia Federal, Moro pediu para sair do governo e acusou o mandatário de ingerência na corporação.
Com a eclosão da pandemia da Covid-19, o Ministério da Saúde converteu-se no maior ponto de tensão na administração federal.
O primeiro comandante da pasta foi Luiz Henrique Mandetta, que saiu em abril de 2020 após discordâncias com o presidente sobre a condução da pandemia.
O substituto de Mandetta, o médico Nelson Teich, não durou um mês no cargo. Em seu lugar, assumiu o general Eduardo Pazuello, que esteve à frente do ministério durante os momentos mais agudos da pandemia.
A gestão de Pazuello foi marcada pela defesa de tratamentos sem comprovação científica para a Covid, pela inobservância de recomendações sanitárias e pela demora na negociação de vacinas.
Diante das críticas à atuação do militar e com o recrudescimento da pandemia, Bolsonaro trocou seu auxiliar pelo atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
Ao longo de dois anos e meio de governo, houve ainda recriação de um ministério embora o presidente tenha sido eleito criticando o inchaço da máquina pública e com a promessa de ter 15 pastas.
Em junho de 2020, ele recriou o Ministério das Comunicações e nomeou para o posto o deputado Fábio Faria (PSD-RN).
No final de março deste ano, o que era para ser uma mudança esperada no Ministério das Relações Exteriores terminou como uma das modificações mais significativas na Esplanada que reforçou o debate sobre a politização das Forças Armadas.
Além de tirar Ernesto Araújo do Itamaraty e substituí-lo por Carlos França, Bolsonaro demitiu o general Fernando Azevedo da Defesa e colocou em seu lugar o também general Walter Braga Netto, que estava na Casa Civil.
Se antes o titular da Defesa resistia a mostrar apoio dos militares a manifestações bolsonaristas, Braga Netto chegou a participar de um ato político ao lado do presidente.
Recentemente, Bolsonaro perdeu ainda um de seus auxiliares mais fiéis.
Alvo de investigações por suspeita de participação num esquema de exportação de madeira ilegal e pressionado por governos estrangeiros, Ricardo Salles se desligou do Meio Ambiente em junho. Ele foi substituído pelo atual ministro, Joaquim Álvaro Pereira Leite.