O ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) afirmou, neste domingo, 10, que prefere estar em um partido que tenha espaço para ouvir diferentes opiniões do que conviver em uma legenda que tenha “dono”, em alusão às disputas internas que dividiram o apoio dos tucanos entre o seu nome e o do ex-governador gaúcho Eduardo Leite para a corrida presidencial. Em um recado aos demais nomes que articulam uma candidatura única em torno da “terceira via”, Doria pregou consenso entre as siglas, mas indicou que não deve abrir mão de ser o candidato escolhido pelo grupo.
“O PSDB, por ser um partido democrático, que não tem dono, tem seu exercício dos que concordam e os que não concordam. Eu prefiro conviver em um partido assim do que em um partido que tem dono”, afirmou em sabatina da Brazil Conference, em Boston (EUA), evento apoiado pelas universidades Harvard e MIT. Realizada anualmente, a conferência tem parceria do jornal O Estado de S. Paulo, que faz a cobertura dos debates.
Antes de deixar o cargo de governador, Doria ensaiou abandonar sua pré-candidatura como uma “estratégia política” para que o presidente do partido, Bruno Araújo, tivesse de se manifestar publicamente em apoio a seu nome, em oposição ao de Leite.
Participaram da sabatina a professora em Harvard Marcia Castro, que mediou o debate, o professor em Harvard Hussein Kalout, o ex-vice-ministro do Planejamento Francisco Gaetani, a fundadora do ID_BR Luana Génot e a graduanda em Harvard Estela Franca.
Questionado por Kalout sobre como ele pretendia consolidar uma eventual candidatura em meio a uma fratura no PSDB, Doria disse estar se “tornando um especialista em romper com essas tradições e essas análises políticas diante de um partido que tem seu valor”.
O ex-governador resgatou as prévias tucanas de 2016, para prefeito de São Paulo, e de 2018, para governador do Estado, em que, segundo ele, concorreu como o nome menos prestigiado na disputa.
Doria rechaçou, ainda, que a divisão no partido possa inviabilizar sua candidatura, apresentada pelo PSDB ao grupo de partidos da chamada “terceira via” que articulam uma candidatura única ao Planalto.
Ele defendeu a busca pelo consenso com o MDB e o União Brasil. “Vamos seguir agora na busca do consenso com o MDB, eu assisti a boa exposição feita pela senadora Simone Tebet, e também com a participação do União Brasil, partido que deverá ter seu candidato, que ainda não foi anunciado. Esse mesmo bom exercício democrático, do diálogo entendimento, humildade, pensando no Brasil, não o pensamento no candidato e no partido.”