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PolíticaEm dia de julgamento, Daniel Silveira chama Alexandre de 'reizinho do Brasil'

Em dia de julgamento, Daniel Silveira chama Alexandre de ‘reizinho do Brasil’

Em dia de julgamento, Daniel Silveira chama Alexandre de ‘reizinho do Brasil’

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No dia em que começa seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), o deputado bolsonarista Daniel Silveira (PTB-RJ) chamou o ministro Alexandre de Moraes de “reizinho do Brasil” e disse que o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), cometeu um “equívoco grave” ao deixar de pautar para votação no plenário da Casa a sustação da ação penal contra ele.

“O detentor da ação penal solicitou o arquivamento deste inquérito por duas vezes e foi ignorado pelo Alexandre de Moraes, um ministro que é o reizinho do Brasil, um menininho frustrado que age da maneira dele, fora da Constituição Federal. Tem muita coragem atrás da mesa, com uma caneta e o poder de mando”, declarou o parlamentar, no plenário da Câmara dos Deputados.

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No final de março, Silveira protagonizou o que foi definido por Lira como “uso midiático” das dependências do Congresso. Após Moraes determinar a colocação imediata de tornozeleira eletrônica no deputado, ele chegou a passar uma noite na Câmara numa tentativa de escapar da decisão judicial. A Polícia Federal (PF) foi à sede do Legislativo, mas o parlamentar se recusou a colocar o equipamento.

Depois de o ministro estabelecer uma multa diária de R$ 15 mil por descumprimento da decisão judicial, além do bloqueio de todas as contas bancárias de Silveira, o deputado decidiu deixar as dependências da Câmara e colocar a tornozeleira eletrônica. Na ocasião, pressionado por Lira, o presidente do STF, Luiz Fux, marcou o julgamento da ação penal contra Silveira para hoje.

Durante o tempo em que esteve na Câmara tentando escapar da tornozeleira, o deputado chegou a dizer que queria ver até onde iria a “petulância” de Alexandre de Moraes. Ao afirmar que não cumpriria a decisão, defendeu o impeachment do ministro e o chamou de “medíocre”.

O magistrado determinou a colocação imediata de tornozeleira eletrônica no deputado em resposta a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). De acordo com a PGR, o parlamentar descumpriu as medidas cautelares impostas quando ele foi autorizado a deixar a prisão.

Silveira foi preso em fevereiro do ano passado após divulgar vídeos com ameaças a integrantes do STF. Ele foi solto definitivamente em novembro, mas ficou submetido a uma série de medidas cautelares, incluindo a proibição de acesso a redes sociais e de contato com outros investigados nos inquéritos das fake news e das milícias digitais. O fato de não cumprir tais medidas levou à imposição da tornozeleira eletrônica.

No plenário da Câmara, nesta quarta, 20, Silveira voltou também a criticar Lira. “Talvez o presidente Arthur Lira não tenha percebido esse equívoco muito grave, na verdade, contra o Legislativo, em não ter pautado a sustação da ação penal”, afirmou. “Se o deputado não tem respeitada a sua imunidade material e formal, através de opiniões, palavras e votos, quem vai ter?”, cobrou o parlamentar.

Em 29 de março, quando Silveira dormiu em seu gabinete na Câmara para tentar escapar da tornozeleira eletrônica, deputados bolsonaristas começaram a pressionar Lira a tomar uma atitude contra a decisão do ministro.

Ao longo do dia 30, a pressão continuou. O presidente da Câmara, contudo, apenas divulgou uma nota em que defendeu a “inviolabilidade” da Casa, mas também criticou o que chamou de “uso midiático” do Legislativo, numa referência à atitude do parlamentar.

Durante reunião com líderes partidários na semana seguinte, Lira externou todo seu incômodo com a atitude de Silveira e disse que se pautasse no plenário a suspensão da medida determinada pelo STF com relação ao parlamentar, como queriam os bolsonaristas, abriria um precedente para que outros deputados que enfrentam ações penais também exigissem igual proteção.

O recado para o Palácio do Planalto foi claro: ao dizer que não seria pressionado a ajudar Silveira, Lira olhou para o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Barros, por sua vez, não fez comentários.

Silveira será julgado hoje no STF por crimes contra a segurança nacional, a honra do Poder Judiciário e a ordem política e social do País, que podem levá-lo de volta à prisão com uma condenação definitiva. A tendência é que o ministro André Mendonça, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro, peça vista, o que retardaria a conclusão do julgamento. Entretanto, conforme apurou o Estadão, a tendência é que, caso isso ocorra, outros ministros podem adiantar a apresentação de seus votos.

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