RIBEIRÃO PRETO, SP, E MARABÁ, PA (FOLHAPRESS) – Em clima de campanha eleitoral em um evento oficial nesta sexta-feira (18) que contou com gritos de “Lula, ladrão” e a presença do pastor Silas Malafaia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) entregou 50 mil títulos fundiários em Marabá, na região sudeste do Pará.
O evento ocorreu em um parque de exposições e foi aberto. Logo no início, Bolsonaro pediu que uma “cerquinha” fosse aberta para que as pessoas pudessem se aproximar.
O tom de campanha eleitoral esteve presente o tempo todo na cerimônia, seja em discursos de políticos locais, de Malafaia (Associação Vitória em Cristo) ou na fala do próprio Bolsonaro. Com aglomeração, não havia nenhum distanciamento entre as pessoas, muitas das quais nem sequer usavam máscaras.
No evento, o presidente recebeu duas camisetas de presente e uma caneca. Em uma das peças de roupa, que Bolsonaro levantou após olhar o que estava escrito, constava a frase “É melhor Jair se acostumando, Bolsonaro 2022”.
O presidente também foi homenageado pelas Câmaras Municipais de duas cidades paraenses, que lhe concederam títulos de cidadão local.
Além de políticos da região, Malafaia discursou e fez críticas indiretas ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele afirmou que “corrupto, bandido que saqueou esse país não vai mais enganar o povo brasileiro” e que esses, sem citar nomes, são “os verdadeiros genocidas”.
“Declaro que vão vir tempos de benção e prosperidade sobre o Brasil. Presidente Bolsonaro, os seus inimigos não prevalecerão contra você. Você com Deus é maioria sempre”, disse.
Antes de sua fala, parte dos presentes já tinha gritado “Lula, Ladrão, seu lugar é na prisão” antes de Geraldo de Melo Filho, presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), discursar.
Além do ex-presidente petista, também foi hostilizado com gritos semelhantes o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB).
Em sua fala, Bolsonaro agradeceu a presença de Malafaia e disse que a entrega dos títulos fundiários afasta o risco de ações do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
“Deixei para citar por último uma pessoa que me é muito grata, veio do Rio de Janeiro acompanhando a comitiva, uma pessoa que não me defende, fala a verdade […], que é o Silas Malafaia. Um gigante, um homem de fé, mas um homem que tem Deus, além de Deus no coração, ele o tem nas cores verde e amarela.”
Segundo o presidente, o homem só pode produzir se tiver segurança no que trabalha e que os títulos distribuídos nesta sexta permitirão isso. “Dessa forma, cada vez mais, nós afastamos as atividades nefastas do MST”, afirmou Bolsonaro.
Bolsonaro ainda voltou a criticar medidas restritivas da pandemia no país e disse que, se o homem do campo não tivesse trabalhado, o país teria desabastecimento.
Antes de o presidente discursar, ele levou uma pessoa que participava do evento ao microfone, que disse que os moradores de cinco localidades enviavam uma “cobrança” ao governo.
“Mandou avisar para o presidente da República, Bolsonaro, que ele use a caneta Bic dele que nem ele usou com o sr. Tarcísio [de Freitas], nosso ministro [Infraestrutura], para fazer a BR-163, que use a caneta Bic que o povo deu para ele para ele mandar parar de queimar máquina do povo brasileiro, dos garimpeiros e madeireiros lá na nossa região. É isso só, muito obrigado”, disse.
Em seguida, ele agradeceu o presidente e os ministros presentes e deixou o microfone.
No evento, houve entregas simbólicas de títulos fundiários, dois de cada uma das três superintendências do Pará. O documento, também chamado de TD (Título de Domínio), compreende a etapa final do processo de reforma agrária.
O objetivo da regularização fundiária é entregar os títulos definitivos a assentados pela reforma agrária e pequenos agricultores que produzem e ocupam terras da União há muitos anos e podem comprovar sua permanência e trabalho no local.
De Marabá, Bolsonaro e comitiva embarcam para a segunda parte de visita em território paraense, para participar de uma cerimônia de liberação da pavimentação de um trecho da rodovia Transamazônica e assinatura da ordem de serviço para o Início das obras da ponte sobre o rio Xingu na região de Novo Repartimento (PA).
De acordo com o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), serão no total, 102 quilômetros, que representam investimento de R$ 219 milhões.
O trecho liga os municípios de Itupiranga e Novo Repartimento, na região do lago de Tucuruí, que fica distante 196 km de Marabá.