BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Procuradoria da República no Distrito Federal denunciou nessa terça-feira (17) o blogueiro Allan dos Santos por crime de ameaça ao ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), e incitação ao crime.
De acordo com a acusação, enviada à Justiça Federal do DF, Allan utilizou o Terça Livre, canal no YouTube, para “desafiar o magistrado a enfrentá-lo pessoalmente”.
O apresentador do Terça Livre é uma espécie de líder informal das redes bolsonaristas. É muito ligado ao vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho zero dois do presidente Jair Bolsonaro.
“Allan assegurou na ocasião que seria capaz de fazer mal a Barroso se ambos tivessem contato fora dos meios digitais”, afirmou o Ministério Público Federal.
Na avaliação da Procuradoria, o caso superou os limites do razoável na livre expressão de pensamento e opinião e intimidou a vítima com a promessa de mal injusto.
Os fatos abordados na denúncia ocorreram em novembro do ano passado.
“No vídeo intitulado ‘Barroso é um miliciano digital’, Allan profere palavras de ódio, baixo calão e em tom claramente ameaçador, afirmando: ‘Tira o digital, se você tem culhão! Tira a p**** do digital, e cresce! Dá nome aos bois! De uma vez por todas Barroso, vira homem! Tira a p**** do digital! E bota só terrorista! Pra você ver o que a gente faz com você. Tá na hora de falar grosso nessa p****!”, descreve o documento.
Ao comentar em meio às eleições municipais o ataque hacker aos sistemas do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), presidido por ele, Barroso afirmou que “milícias digitais entraram imediatamente em ação, tentando desacreditar o sistema”.
O magistrado declarou que havia suspeita de articulação de grupos voltados a desacreditar as instituições e muitos deles são investigados no STF.
Era uma referência aos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos, apurações que miram bolsonaristas, incluindo Allan.
Ao tomar conhecimento das falas do blogueiro, Barroso representou contra ele ao MPF, solicitando a adoção de medidas cabíveis.
A Folha de S.Paulo busca um contato com a defesa do denunciado. O texto será atualizado tão logo obtenha uma resposta.