A bancada do PSOL na Câmara Municipal de São Paulo entrou com pedido na Corregedoria da Casa para solicitar a cassação do mandato do vereador Camilo Cristófaro (sem partido) após a repercussão de uma fala racista dita em uma reunião da CPI dos Aplicativos.
Sem saber que seu áudio estava aberto durante a sessão, que ocorria de forma híbrida, o parlamentar comentou: “Olha só, lavando a calçada, isso é coisa de preto”.
No pedido, o partido destaca que o termo “coisa de preto” consiste em uma ofensa extensiva a toda a população negra, atribuindo às pessoas dessa origem étnico-racial práticas de cunho duvidoso, incompetente e desonesto. “Com essa afirmação o vereador demonstra que seu ato consiste na vontade de mostrar-se que há seres humanos superiores a outros seres humanos, pois a ofensa diz respeito a um grupo de pessoas negras na sociedade”, afirma a bancada.
O novo pedido se soma à representação inicial feita na quarta-feira, 4, pela vereadora Luana Alves (PSOL), e a denúncias semelhantes encaminhadas por parlamentares da Casa e cidadãos paulistanos que também procuraram a Corregedoria após o episódio. O PSB desfiliou Cristófaro um dia após o vazamento da fala racista.
Para a vereadora do PSOL Erika Hilton, a Câmara tem um compromisso de dizer que “racismo não tem espaço”. “Se esse processo não terminar da forma devida, com as punições dadas mediante à gravidade do que ocorreu, nós estaremos passando um recibo de que o racismo está liberado, de que se pode ser abertamente racista. O que o vereador fez é criminoso e precisa ser respondido dentro das formas da Lei”, disse.
Em entrevista à Rádio Eldorado nesta quinta-feira, 5, o corregedor-geral da Câmara, o vereador Gilberto Nascimento Jr. (PSC), afirmou que dará celeridade ao processo envolvendo denúncias do racismo praticado por Cristófaro. A expectativa é de que a admissibilidade do pedido de cassação do mandato possa ser levada a plenário no dia 19 de maio, depois de votada no órgão interno no mesmo dia. Depois, no entanto, Camilo terá até 90 dias para se defender, o que deve estender o caso para o segundo semestre deste ano.
Após o episódio, Cristófaro se desculpou e negou ser racista. O parlamentar disse que sua fala foi “infeliz” e ocorreu em um “contexto infeliz”. “70% dos meus funcionários são afros e em cargos de chefia”, disse.
Esta não é a primeira polêmica de Cristófaro na Casa Legislativa paulistana. O vereador já se envolveu com xingamentos em um grupo de WhatsApp interno dos parlamentares e já foi acusado em um outro caso de racismo. O vereador também teve uma atitude transfóbica no plenário ao chamar o vereador Thammy Miranda (PL) no pronome feminino.