As recentes declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em defesa da revisão da reforma trabalhista, do teto de gastos e da política de preços da Petrobras ajudam o presidente Jair Bolsonaro (PL) a atrair novos votos. A avaliação é do cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Carlos Pereira. “Esses erros ajudam Bolsonaro. O principal eleitor de Bolsonaro está sendo Lula”, afirmou Pereira ao Estadão/Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
“O PT não tem até agora uma agenda, é tudo em cima da figura enigmática do ex-presidente. A agenda é desfazer o que foi feito e isso gera incerteza no eleitorado. Os indecisos que não querem Lula e nem Bolsonaro acabam migrando para Bolsonaro”, disse Pereira, que é colunista do Estadão.
Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira, 7, mostra que 19% dos entrevistados não querem “nem Lula, nem Bolsonaro”, queda de seis pontos porcentuais se comparado à última pesquisa. Entre os que preferem o atual presidente, houve um aumento de cinco pontos porcentuais – de 26% para 31%.
O cientista político também atribui a queda do porcentual de eleitores “nem-nem” à dificuldade da terceira via em definir um nome único à disputa. “Existe esse mercado eleitoral que não topa nenhum dos dois. Só que a oferta ainda não foi identificada. Essa indefinição, essas disputas internas geraram um desencanto nesse eleitor”, explicou.
A desistência do ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) da corrida à Presidência foi, segundo o especialista, “a janela de oportunidade para que a terceira via possa se viabilizar”.
Nessa quarta-feira, 6, MDB, União, PSDB e Cidadania divulgaram uma nota para afirmar a intenção de lançar um candidato único à Presidência. O candidato de consenso será anunciado no dia 18 de maio.