Em uma entrevista esclarecedora, a Psicóloga Psicanalista Paula M. Fucci aborda o tabu do suicídio, destacando a necessidade urgente de haver maior psicoeducação para compreender as complexidades por trás desse tema sensível e estigmatizado. Ela enfatiza a importância do diálogo aberto, do tratamento profissional e da superação dos estigmas que cercam as questões de saúde mental.
Conversamos sobre por que o suicídio é um tabu, mergulhando na complexidade desse assunto, destacando a importância da informação, da prevenção e do tratamento. Como abordar o tema de maneira responsável e os desafios únicos que as questões de saúde mental apresentam em comparação com condições físicas, econômicas e sociais.
De acordo com a especialista, “O suicídio é um tema que gera medo e desconforto tanto para aqueles diretamente envolvidos quanto para quem nunca lidou com o tema em questão.” Enfatiza que a morte está intrinsecamente ligada à própria sensação da vida na associação entre nascimento e separação da mãe onde envolve não somente aspectos psicológicos como biológicos também, tornando-o um tópico desafiador de ser abordado, dada sua complexidade.
Além disso, a psicóloga ressalta a importância da psicoeducação, que pode ajudar as pessoas a compreenderem que sentimentos como tristeza, vazio e angústia não indicam o fim das perspectivas mas sim a sensação do fim delas, e que apesar de muito real e dolorosa, isso demonstra a presença de uma patologia. Segundo ela, a abordagem especializada é essencial, apesar das opiniões contraditórias que podem surgir, é preciso entender que há tratamento, e diversas formas de manejo.
Questionando sobre a dificuldade de tratamento, em comparação com enfermidades físicas, a especialista aponta que “Diferentemente de uma lesão física visível, questões relacionadas à saúde mental, como desregulações neurobiológicas e hormonais, são menos tangíveis. A ausência de sinais visíveis muitas vezes leva à desvalorização do sofrimento”. Ela destaca a importância da compreensão dessas complexidades bem como reconhecer que todos possuem motivações diferentes, e portanto devem ser levadas em consideração no tratamento individualizado, pois as expectativas variam e fatores externos como, influências sociais e econômicas têm impacto significativo nas possibilidades e nas vivências dentro desse âmbito.
A expressão do desejo de morrer também é abordada enfatizando que essa demonstração não deve ser vista como um mero apelo por atenção egoísta. Ela afirma que, em muitos casos, a pessoa pode estar comunicando sua angústia de maneira desesperada e que é fundamental levar essa situação tão a sério quanto sinais de problemas físicos graves uma vez que “Cada indivíduo lida com um processo singular, repleto de complexidades, no qual, o especialista torna-se vital para auxiliar”.
Em relação às recaídas após melhorias temporárias, a especialista destaca que a vida é cíclica e que o tratamento adequado pode espaçar as crises e, na maioria dos casos, eliminá-las. Existem diferentes abordagens para tratamento, psicológicos e que podem ser combinadas, como a terapia musical por exemplo, onde podem ser atreladas a abordagens mais conservadoras.
Em suma, exploramos o tabu do suicídio e da saúde mental. Considerando a complexidade do tema, a busca por ajuda profissional é essencial. A necessidade de compreender singularidades, evitar preconceitos e adotar abordagens individualizadas de acordo com a subjetividade que fica em pauta. O diálogo aberto e informado, permeado por tratamentos embasados cientificamente, pode dissipar medos e contribuir para a preservação da vida.
A mensagem final é clara: é fundamental superar os estigmas que cercam a saúde mental e oferecer apoio profissional a quem precisa.
Paula Micali Fucci
Psicóloga Psicanalista | CRP: 06 / 181488
Instagram: @psi.paulafucci
Graduada pela Universidade de Araraquara
Realizou estudos em Psicologia e Humanidades em Portugal, pela Universidade Européia
