O redesenho da oferta da saúde básica na região leste de São Carlos fará com que moradores tenham que se deslocar quase 2 km a mais para conseguir atendimento médico. A Secretaria da Saúde, no entanto, diz que a situação deve melhorar para os pacientes. As mudanças estão previstas para ocorrer em maio, sem data definida.
O assunto foi debatido em sessão da Câmara Municipal nesta terça-feira (26). O fechamento da Unidade Básica de Saúde (UBS) do Maria Stella Fagá, que hoje atende a 900 pessoas gera controvérsias no Legislativo. O prédio da unidade que deixará de existir abrigará duas Unidades Saúde da Família (USFs), a do Itamarati e do São Rafael, que migrarão de local.
A ideia da Secretaria de Saúde é juntar, em único prédio, unidades responsáveis por 4.500 atendimentos cada e os 900 da UBS candidata à extinção. Serão 9,9 mil atendimentos.
A situação gerou pedido de explicações da Comissão de Saúde ao Executivo e virou assunto na tribuna. O vereador Djalma Nery (PSOL) se queixou da situação e apresentou contraponto. Para ele, o fechamento penaliza uma unidade que tem realizado bons serviços à população.
“Se hoje a UBS do Maria Stella Fagá consegue fazer um atendimento de qualidade, inclusive a ponto de não ter lista de espera é uma conquista importante”, afirma.
Para o vereador, a situação não foi debatida com as partes que não serão diretamente afetadas, como os usuários das unidades e os servidores que nelas trabalham.
A opinião foi compartilhada pelo presidente da Comissão de Saúde da Câmara, Lucão Fernandes (MDB), que pediu mais explicações para que a própria população possa entender se há benefícios nas trocas.
“Isso tem que ser feito com calma, conversando com a população para que seja feito com tranquilidade”, comentou.
Na tribuna, a diretora de Gestão e Cuidado Ambulatorial da Secretaria da Saúde, Denise Braga, justificou a mudança. Em suma, a USF São Rafael não tem condições de ganhar um consultório odontológico, enquanto que a do Itamarati não tinha sala de curativos. Com a relatada baixa demanda da UBS do Fagá, veio o plano veio o plano de colocar todas as unidades em um espaço só.
“Isso tendo uma unidade no Fagá bem maior do que todas, com espaço para as duas equipes. A gente entendeu em deslocar as unidades que estão nesses dois imóveis locados para a unidade própria que tem salas e locais adequados para a população”, ressaltou.
Outro “efeito” da mudança é a redução de custos para a Prefeitura. Dados de pagamento de locação de imóveis da administração de outubro mostram que o município gasta, ao mês, R$ 2,7 mil nas duas unidades. Em um ano são R$ 32,4 mil de economia. Se somados os desembolsos de energia elétrica, manutenção predial e segurança dos locais, o dinheiro poupado é ainda maior.
Para Denise, a predominância das USFs trará modelo mais moderno de saúde para aquela região, se comparado com a UBS. A proximidade entre paciente e equipe de saúde, além do conhecimento da comunidade são positivos. No contraponto, quem é contra afirma que o fim da UBS pode levar a demanda espontânea para outras unidades de saúde e até as UPAs.
“Quando a senhora nos diz que a população não será prejudicada, não consigo concordar com isso. Primeiro, são dois territórios que deixarão de ter unidades de saúde da família, que são conquistas importantes, próximas”, comenta Nery.