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CotidianoEm São Carlos, casa premiada mostra ser possível construir e viver de forma sustentável

Em São Carlos, casa premiada mostra ser possível construir e viver de forma sustentável

Preocupação com o meio ambiente rendeu à Morada YDU o selo #ZeroEnergy, certificação dada pelo Green Building Council

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Imagine você viver em uma casa sustentável. Consumir energia vinda do Sol, tratar totalmente o esgoto produzido e gerar o mínimo impacto no meio ambiente. Tudo isso em uma construção que foi pensada para ser um organismo vivo aconchegante e com o custo menor do que uma moradia convencional.

Essa casa existe e é em São Carlos. Tamanha preocupação com o meio ambiente rendeu à Morada YDU o selo #ZeroEnergy, certificação dada pelo Green Building Council, uma rede internacional que promove a construção sustentável.

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Casa foi inteiramente pensada para ser sustentável (Foto: Arquivo Pessoal)

A idealizadora e moradora da casa sustentável é a arquiteta Yara Santucci Barreto. Ela própria, antes “adepta” aos métodos construtivos tradicionais, mudou a “chavinha” da sustentabilidade entre 2009 e 2011, período em que parou para estudar o tema. Desde então, tem trabalhado com a mentalidade que é possível construir sem agredir o meio ambiente.

A construção da casa aconteceu anos depois, quando deixou a maior metrópole do país para vir morar em São Carlos. Passou quatro anos em apartamento e, entre 2019 e 2020 – sim às vésperas da pandemia – colocou o plano de viver de forma mais sustentável em prática.

Plantas da casa são molhadas com água de reúso (Foto: Arquivo Pessoal)

“É um projeto todo verde, de fato, e integrado à bioclimática. É um conjunto de soluções sustentáveis adotadas que nos remetem a um outro patamar de conceito de sustentabilidade”, explicou em entrevista ao acidade on.

A morada-manifesto se contrapõe aos atuais métodos construtivos. Cimento, cal, areia e tijolos fazem parte do cotidiano das cidades brasileiras. Parte pela cultura, outra pela economia e técnica amplamente difundida. As implicações econômicas, ambientais e sociais, porém, nem sempre são levadas em consideração, neste verdadeiro “CTRL-C, CTRL-V” construtivo vivido no Brasil.

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Alguns dos móveis foram construídos com madeira reciclada (Foto: Arquivo Pessoal)

O método escolhido para a construção é o steel frame, em que usa perfis de aço galvanizado no lugar do concreto armado; o revestimento é feito com dry wall ou placas cimentícias, em concepção de obra “zero água”. Do lado de fora, gabiões – que são cestos metálicos com grandes pedras – fazem as vezes de muro de arrimo; o muro da casa, que seria feito em blocos de cimento em uma casa convencional, é substituído por cerca de bambu.

Pensada de forma bioclimática, a casa é “inteligente”. O projeto leva em conta as variações térmicas, posição geográfica do lote, e até o trajeto solar ao longo do ano.

Casa foi construída “à seco” com steel frame (Foto: @Pitta.Pictures)

“A casa não tem artifício mecânico [de refrigeração de ambiente]. É considerada construção passiva [conceito de construção em que impactos climáticos são minimizados]”, explica.

Com impactos climáticos minimizados, há redução no consumo de energia. “E por conta disso somos zero energia. Somos autônomos e toda a energia que consumimos somos nós que produzimos”.

O esgoto da casa vira água limpa. O ciclo se completa na hidratação das plantas, que ajudam a prover umidade e frescor no microclima da residência. As espécies foram escolhidas a dedo, proveniente da Mata Atlântica e do Cerrado, em consonância com o bioma de transição de São Carlos.

Casa tem conforto térmico e gasta pouca energia de origem solar (Foto: Arquivo Pessoal)

No interior, a mobília também ajuda na sustentabilidade e na economia circular, conceito que reduz, reutiliza, recicla e recupera materiais e energia na manufatura de bens.

“Os móveis são poucos e adotamos mais o estilo minimalista. Temos armários de OSB [chapa de tiras de madeira unidas com resina e prensada sob alta temperatura] e também madeira de demolição, além de mesa de pallet”, observa.

Projeto pode inspirar casas populares? (Foto: Divulgação/CDHU)

Inspiração para os “Minhas Casas” da vida?

Para Yara, algumas das técnicas construtivas sustentáveis usadas em sua residência podem servir de inspiração para gestores públicos e iniciativa privada na construção de moradias via programas habitacionais.

Do ponto de vista ambiental, econômico, social e de bem-estar, vale a pena ainda insistir em métodos construtivos que não são bons para o meio ambiente, que ajudam a gastar mais energia ou água ou que são desconfortáveis termicamente?, indaga a arquiteta.

Trazido, ao menos em parte para uma cidade com 16 mil famílias à espera de uma casa própria, técnicas que minimizam o uso de energia e água na operação da residência, qual o ganho econômico, ambiental e social em potencial para o município?

“Sempre para a construção habitacional popular são sempre adotadas as soluções mais convencionais possíveis e isso é uma pena, embora seja compreensível do ponto de vista econômico até porque esses produtos e materiais são produzidos em larga escala, a partir do momento em que consegue adotar em larga escala os produtos mais inteligentes, mais escala eles vão ganhar também”, afirma.

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Bruno Moraes
Bruno Moraeshttps://www.acidadeon.com/saocarlos/
Bruno Moraes é repórter do acidade on desde 2020, onde faz a cobertura política e econômica. É autor do livro “Jornalismo em Tempos de Ditadura”, pela Paco Editorial.
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