Há alguns anos, a chegada da Semana Santa vinha acompanhada de algumas tradições. Entre elas, o ato de “Malhar o Judas”, ação que tem uma ligação direta com a história da morte de Jesus. No acervo da Fundação Pró-Memória, há registros da população de São Carlos (SP) surrando bonecos em meados de 1970.
Hoje, a maioria dos mais jovens não sabem o significado do termo. Pensando em trazer essa curiosidade, o portal acidade on entrevistou o padre Marcelo Souza, reitor do seminário de Filosofia da Diocese de São Carlos, para explicar o que significa esse ato feito antigamente – e possivelmente até hoje -.
Segundo o padre, a Malhação de Judas é uma tradição vigente em diversas comunidades católicas e ortodoxas, que foi introduzida na América Latina por espanhóis e portugueses e é realizada em diversos outros países, sempre no Sábado de Aleluia, simbolizando a morte de Judas Iscariotes.
“Consiste em surrar um boneco do tamanho de um homem, forrado de serragem, trapos ou jornal, pelas ruas de um bairro e atear fogo a ele, normalmente ao meio-dia. Cada país realiza a tradição de um modo, sendo que alguns queimam os bonecos em frente a cemitérios ou perto de igrejas”, explicou.
O padre salienta que a tradição traz um desejo de memorar o fato de não aceitação do que Judas fez com Jesus, mas o ato tem caído em desuso nos últimos tempos.
“Para nós cristãos, seguidores de Jesus Cristo, a misericórdia deve prevalecer em tudo. Não aceitamos e não entendemos o que Judas fez, ele que estava hodiernamente ao lado de Jesus, mais isso não justifica querermos fazer justiça com nossas próprias mãos, ainda que de forma figurada, na malhação do Judas”, contou.
Outras tradições
Outras tradições também cercam o período da Semana Santa, como o caso do jejum. Para os católicos, a Quaresma é tempo de jejum, penitencia e oração, e dentro da tradição da igreja católica, a Sexta-feira da Paixão é um dia reservado para a abstinência, onde fiéis não consomem carne vermelha e de frango, normalmente substituindo a refeição por peixe.
A abstenção da carne, segundo a Igreja, acontece em respeito ao derramamento de sangue de Jesus Cristo durante seu sacrifício na cruz. Os religiosos também apontam a prática pelos que desejam ser afastados do pecado.
A data também restringe algumas ações, como a realização de tarefas domésticas, por exemplo. Segundo a tradição, é importante que sejam evitadas discussões, brigas e palavreados que não condizem com o momento de oração.