O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decretou, nesta quinta-feira (19), a prisão preventiva do morador de São Carlos Eder José Lisboa, por envolvimento nos ataques terroristas às sedes dos Três Poderes da República, no dia 8 de janeiro.
O adestrador de cães, de 54 anos, havia sido preso provisoriamente em flagrante no mesmo dia em que aconteceram os atos terroristas contra o governo vigente no poder.
Lisboa foi ouvido em depoimento e, após passar por audiência de custódia, foi decidido pelo STF que o são-carlense permanecerá preso no Centro de Detenção Provisória II, na Papuda (DF).
Além de Lisboa, o morador de Leme Moisés dos Anjos também teve a prisão preventiva decretada pelo STF e permanecerá no Centro de Detenção. O segundo morador de Leme, Edson Carlos Campanha, que também havia sido preso preventivamente, ainda não teve seu caso concluído.
Entre terça (17) e quarta (18) Alexandre de Moraes decidiu manter a prisão de 354 pessoas envolvidas nos atos golpistas. Moraes afirmou que pretende concluir até a próxima sexta-feira (20) os 885 casos de pessoas que estiveram presentes nos golpes.
Outras 220 pessoas que estavam presas provisoriamente já foram liberadas, mas com medidas cautelares. Vale lembrar que, neste caso, cabe ao STF a decisão de converter a prisão provisória em preventiva ou não.
Os envolvidos respondem por crimes como golpe de Estado, associação criminosa armada, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, depredação de patrimônio tombado, entre outros.
Depoimento de Lisboa
Lisboa foi ouvido em depoimento ao qual a reportagem da TV Globo teve acesso. Durante suas falas, o são-carlense negou ter participado de atos terroristas e alegou às autoridades que se manifestou de forma pacífica e que “não se considera bolsonarista”.
Durante o depoimento, Lisboa afirmou que foi a Brasília de van junto com 11 pessoas da região e que chegaram à capital Federal no dia 7 de janeiro, um dia antes das invasões. Não há informações sobre a identidade dos outros integrantes do grupo e se foram presos.
Segundo Lisboa, o objetivo da ida às manifestações no DF era lutar pelo combate à corrupção e demais ações, como “falta de transparência nas urnas”, que já foram comprovadamente asseguradas como transparentes e auditáveis.
O homem, que se diz autônomo, afirmou que ficou acampado no Quartel General (QG) do Exército e participou do protesto na Esplanada dos Ministérios.
Lisboa disse às autoridades que estava protestando pacificamente, quando viu manifestantes iniciando os atos de vandalismo e de depredação do palácio.
Após o início da violência, Lisboa contou que uma tropa de choque se aproximou do local e fez o uso de bombas de gás lacrimogênio, momento em que iniciaram as detenções dos vândalos, que acabaram por prender Lisboa.
Lisboa também alegou que possui imagens em seu celular que podem comprovar que manifestou de forma pacífica e que, enquanto estiver preso, usará o direito de permanecer calado.
O morador são-carlense irá responder pelo crime de tentar depor, por meio de violência ou grave ameaça, o governo legitimamente constituído e, se condenado, a pena poderá variar entre 4 e 12 anos de prisão, além dos acréscimos das penas por violência, depredação do patrimônio e outros agravantes.
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