A Polícia Civil da região de São Carlos trabalha com menos da metade do quadro de funcionários. O déficit de chega a 55%, se levar em consideração os cargos existentes e os efetivamente ocupados. Na Seccional de Araraquara a situação também preocupa, com 50% de déficit.
A situação nas duas seccionais da região Central foi revelada por levantamento feito pelo Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) a pedido do acidade on São Carlos. O panorama mostra que as delegacias de polícia da região trabalham com 355 policiais a menos do que deveriam.
Na Seccional de São Carlos estão preenchidos 17 dos 23 cargos de delegado, 32 de 73 de escrivão, 42 de 110 de investigador, 31 de 64 de agente policial, 8 de 10 agente de telecomunicação, 1 de 5 papiloscopista e 1 de 8 auxiliar de papiloscopista. Ou seja, faltam 6 delegados, 41 escrivão, 68 investigadores, 33 agentes policiais, 2 agentes de telecomunicações, 4 papiloscopistas, e 8 auxiliares de papiloscopistas. São 162 policiais para que o quadro fique completo,
O contexto da Seccional se agrava diante dos números da região. São 417,3 mil habitantes nos sete municípios atendidos: São Carlos, Porto Ferreira, Descalvado, Ibaté, Ribeirão Bonito, Santa Rita do Passa Quatro e Dourado. Além das delegacias e distritos, o contingente de policiais ainda atende às delegacias de Investigações Sobre Entorpecentes (Dise), de Investigações Gerais (DIG) e de Defesa da Mulher (DDM) de São Carlos.
Para a presidente do Sindpesp, Raquel Kobashi Gallinati, o déficit mostra o “descaso” do governo do Estado perante a segurança pública em São Paulo.
“Esse quadro se agrava quando vemos a Seccional de São Carlos. O déficit é muito superior à média estadual e chega a 55% a menos dos policiais. A população não aguenta mais o descaso do governo com a segurança pública. A gestão tem que estruturar a segurança para que a população não fique à mercê e refém da criminalidade”, critica.
Em Araraquara, a situação também é ruim. Estão ocupados 31 de 40 vagas de delegado, 49 de 95 de escrivão, 55 de 134 de investigador, 37 de 83 de agente policial, 7 de 14 de agente de telecomunicações, 5 de 8 de papiloscopista e 3 de 12 auxiliar de papiloscopista. São 9 delegados a menos, 46 escrivães, 79 investigadores, 46 agentes policiais, 7 agentes de telecomunicações, 3 papiloscopistas, 9 auxiliares de papiloscopistas. São 19 municípios sob a jurisdição da regional da Polícia Civil. A região vizinha tem 193 policiais a menos do que o ideal.
No último dia 6, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB) comemorou em rede social a nomeação de 389 aprovados em concursos da Polícia Civil. Porém, o número que parece grande em termos absolutos “some” diante do déficit de quase 15,3 mil policiais civis na soma do sindicato.
A situação reflete no cotidiano das delegacias, no acolhimento aos cidadãos vítimas de violência. Ao final, são menos crimes resolvidos, maior criminalidade e impunidade.
Procurada para comentar o assunto, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, órgão a que a Polícia Civil se subordina, não se pronunciou.