A Embrapa Pecuária Sudeste, de São Carlos, desenvolveu uma tecnologia que reduz o custo e a demora de análise química de rações para peixes. Os estudos, agora finalizados, se iniciaram há seis anos.
A novidade será lançada na quarta-feira (20), durante a quinta edição do Internacional Fish Congress e Fish Expo Brasil, em Foz no Iguaçu, no Paraná.
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Segundo os pesquisadores, a adaptação de modelos de calibração permite que, sem reagentes químicos e de forma instantânea, sejam analisados aspectos nutricionais de rações em um equipamento de espectroscopia infravermelho. O novo método economiza 10 vezes em custo – de R$ 20 ante os R$ 200 cobrados pela forma convencional – e evita análises demoradas que podem levar até 10 dias.
Segundo Avelardo Ferreira, analista da Embrapa que coordenou a pesquisa, a técnica de espectroscopia no infravermelho próximo é muito abrangente, com utilização nos ramos de alimentício, farmacêutico, químico e até na medicina.
“No caso da pesquisa, os modelos foram desenvolvidos ao longo de dois anos, a partir da construção de um banco de dados com mais de 200 amostras de diferentes regiões e fabricantes e variadas espécies de peixes, em diversas fases de desenvolvimento – alevinos, juvenis e engorda. Dessa forma, obtivemos modelos de rações representativos da realidade brasileira”, explica Ferreira.
O modelo de calibração analisa as quantidades presentes de proteína, fibras, lignina, matéria seca, matéria mineral, celulose e extrato etéreo das amostras. Esses parâmetros são importantes para avaliar a qualidade das rações que estão sendo produzidas.
Para o diretor-geral da Büchi Brasil, fabricante do aparelho, Hermann Schumacher, o objetivo do projeto conduzido em parceria com a Embrapa é melhorar a eficiência produtiva da fabricação de ração para peixes por meio de um controle de processo eficaz e sustentável, utilizando tecnologia de última geração. “É um produto confiável, robusto e de fácil operação, concebido para tornar a rotina de monitoramento e controle de qualidade da fabricação de rações para peixes um processo simples, em tempo real”, observou Schumacher.
Impactos do novo produto
A tecnologia possibilita que fábricas e laboratórios realizem um número maior de coletas e análises, já que a técnica é mais barata, simples execução e fornece resultado imediato. Com isso, Avelardo Ferreira acredita que haverá um controle de qualidade maior dos produtos, com impactos positivos nessa cadeia.
A pesquisadora Tarcila de Castro Silva, líder da ação Nutrição e Alimentação, do projeto BRS Aqua, da Embrapa, conta que na piscicultura a ração é um fator importante, porque constitui a maior parte dos custos de produção. A alimentação pode representar mais de 80% dos gastos na produção de peixes.
Qualquer melhoria ou garantia de qualidade pode ter impactos na produtividade e, consequentemente, no meio ambiente. “Os peixes crescem mais e com saúde. O produtor ganha mais, garantindo a continuidade da atividade. Sem o NIR, a ração, muitas vezes, é comercializada sem a certeza do atendimento dos níveis de segurança da sua composição. Com o espectrômetro, além da análise das matérias-primas, as rações prontas podem ser avaliadas ainda na linha de produção. É uma ferramenta que pode contribuir muito com o setor”, diz a pesquisadora.
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