Após interessados aguardarem ansiosamente por dias, começou nesta quarta-feira (25) o São Carlos Experience. O primeiro dia foi de boa presença de público e programação vasta.
Entre outras possibilidades, o festival reúne apresentações, painéis, palestras, discussões e oficinas. Tudo é dividido por trilhas, como Cidades do Futuro, Futuro do Trabalho, Futuro da Construção, HealtTech, AgriTech, Indústria, Diversidade e Comunidades de Inovação.
Nossa equipe teve a oportunidade de acompanhar duas palestras e um painel ao longo do dia. Os profissionais presentes nesses encontros falaram bastante de inteligência artificial (I.A).
Alguns deles fizeram questão de trazer novas perspectivas em relação a essa tecnologia, vista com certo temor por quem pensa que tenha chegado unicamente para acabar com alguns trabalhos ou “roubar” empregos.
Futuro do trabalho
Pela manhã, na antiga Estação Ferroviária, o CEO da OneSix, George Garrido, apresentou a palestra “Haverá trabalho no futuro? Como manter a empregabilidade e aproveitar as oportunidades dos novos mercados?”.
Durante a fala, Garrido trouxe alguns números e citou que 85% da mão de obra nacional carece de qualificação. Hoje, segundo ele, o mundo conta com 85 milhões de postos de trabalho relacionados à I.A, sendo 400 mil apenas no Brasil.
O CEO acredita que o interesse por tecnologia pode ser estimulado. “Sempre achei que inovação era algo técnico, mas inovação se faz com gente. E quanto mais diversidade, mais pessoas diferentes, mais inovação se entrega. Todo mundo é capaz. Quando entrei no Santander em 2004, perto da agência tinha um menino que era chapeiro. Perguntei porquê ele não estudava tecnologia… Hoje é um dos desenvolvedores seniores do Santander. A gente transforma um entorno com um movimento de inclusão”, exemplificou.
IA no dia a dia
Ainda no palco da antiga Estação Ferroviária, a professora Solange Rezende, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da Universidade de São Paulo, também fez uma apresentação sobre o tema.
Solange avalia que a IA tem alguns pilares principais: conhecimento, raciocínio, aprendizado, resolução de problemas e apoio à tomada de decisão. “Mas não podemos pensar a inteligência artificial como fim, e sim como meio para melhorar os processos que você tem. Isso sem tirar a figura do ser humano que trabalha naquele conhecimento.”
A professora da USP menciona que, embora 51% da população brasileira não tenha acesso à internet em casa, é raro quem não conte com um smartphone nas mãos. Esse fenômeno, de acordo com ela, faz com que as pessoas estejam em contato com a inteligência artificial mesmo sem saber. “É o que chamamos de ‘inteligência artificial invisível’. A pessoa usa o celular, e de repente está ali, uma recomendação de uma notícia para ler, um produto para comprar… Mas também precisamos pensar nas questões éticas de quem molda a IA, pois isso vai afetar 100% da população”, considera.
Compras no “figital”
Na Arena SCX, em Onovolab, um painel contemplou outro tema muito atual: “A Revolução nas formas de consumo: O Futuro do Varejo”.
Houve uma troca de ideias entre Tom Ricetti, CEO da Onii; Carlos Schmiedel, CEO da Predify; Ricardo Cavaretti, CEO da XR Retail Studio; e Celso Providelo, Tribe Lead da Luizalabs. Flávio Fratucci, da Growww, mediou o encontro.
Ricetti falou sobre o conceito de “figital”, para descrever o comportamento de consumidores que compram aliando os ambientes físico e digital. “Hoje, o consumidor não precisa falar com ninguém para comprar. Você pode estar no banheiro e comprando passagem pelo celular.”
“O problema do varejo é a ponta. No digital isso é mais fluido, você consegue recomendar melhor e mais do que no físico. Estamos vivendo um momento de transição: daqui a poucos anos, comprar no digital, ou “figital”, vai ser mais interessante do que no físico”, projetou Cavaretti.
Para Providelo, “a pandemia instigou os varejistas a procurarem outras formas de negócio”. “O varejista precisa conhecer o perfil de consumo, os interesses, o potencial que o cliente tem pra gastar e oferecer direto para ele, por um push, por WhatsApp, seja como for”, completou Schmiedel.
O SCX
Se você perdeu o primeiro dia de São Carlos Experience, fique tranquilo. As atividades seguem até o próximo domingo, 29 de outubro. O festival foi previamente nomeado como “um evento feito de vários eventos”. A programação completa e o formulário de inscrição para participar estão no site oficial (https://saocarlosexperience.com)
De acordo com a organização, será uma oportunidade de acesso ao “melhor que se produz no ecossistema de inovação, ciência, tecnologia e empreendedorismo de São Carlos”. A programação completa está no site oficial.
O evento também vai reunir arte, cultura e gastronomia como pilares complementares. As atividades do São Carlos Experience serão pautadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.
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