Carnaval é realmente sinônimo de alegria e de festa, mas dentro dessa palavra também fica um ‘quê’ de saudade, principalmente para quem viveu em São Carlos em meados de 2010 e teve o prazer de desfrutar dos desfiles de escolas de sambas locais que aconteciam anualmente.
A são-carlense Telma Olivieri esteve à frente do Departamento de Cultura por mais de dez anos, de 2001 a 2012, e respondendo pelas políticas públicas de cultura no município participou ativamente da organização de várias edições dos carnavais com desfiles.
Ela conta que naquela época era a Comissão Municipal de Carnaval, composta por representantes de escolas de samba ativas e secretarias municipais, quem discutia a organização e definia toda a estrutura necessária para que os desfiles acontecessem, entre eles o regulamento, valores de subvenção da prefeitura às escolas, valor das premiações e afins.
“Os desfiles em geral ocorriam em dois dias. Chegamos a ter seis escolas desfilando, as escolas tinham destaques com fantasias de luxo dos carnavalescos da cidade e a tentativa da criação do grupo especial e de acesso. O público sancarlense prestigiava muito os desfiles, lotando a avenida e participando ativamente em todos as edições”, contou.
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A organização
Se engana quem pensa que a folia para as escolas era apenas durante o Carnaval. Todos os detalhes, o samba enredo, as alegorias, quem participaria de qual ala e também os ensaios eram tratados ao longo do ano anterior, para que quando chegasse a data, a escola pudesse brilhar com os frutos dessa dedicação.
“Devido ao fato de não possuírem sede os ensaios ocorriam, em geral, nas ruas e eram quase que diários à medida que a data se aproximava. Também havia a confecção de fantasias, adereços e carros alegóricos. As escolas movimentavam a comunidade do entorno, chegando, as maiores, a ter em alguns anos, mais de 300 componentes”, relatou.
Por mais que os desfiles acontecessem na região central, a cultura também era levada para outros bairros, e somando com os serviços terceirizados, chegavam a 400 pessoas trabalhando durante os dias dedicados ao carnaval.
“Realizamos carnaval nos bairros com bandas locais, em todas as regiões da cidade, incluindo os distritos de Santa Eudóxia e Água Vermelha; eleições da corte carnavalesca (Rei Momo, Rainha e Princesas); concursos de fantasias de luxo e originalidade; desfiles de escolas de samba, etc.”, contou.
A saudade
Não se sabe quando foi que as escolas começaram a desfilar, mas segundo dados compilados do site da prefeitura, pelo menos até 2016 a cidade foi agraciada com os tais desfiles.
Houve um hiato em 2013, ano em que Paulo Altomani assumiu a prefeitura, e depois da entrada de Airton Garcia, em 2017, os desfiles foram extintos e deram lugar à comemorações apenas musicais.
Hoje, embora as festas carnavalescas continuem animando a população, a saudade ainda permanece para muitos. Naquela época, com o samba sendo a estrela do Carnaval, o amor e a alegria do povo deixavam tudo sob uma atmosfera diferente e com gosto de “quero mais”, segundo os moradores.
“Aquela época nós tínhamos um carnaval de primeira, era muito gostoso ir até o Centro pra ver as comunidades desfilando, todos se divertindo, com fantasias luxuosas. Era o mais perto que a gente chegava dos carnavais das capitais, e aquilo era maravilhoso. Acho que como aqueles de antes, a gente não vai mais ter”, disse Maria Aparecida dos Reis, moradora da cidade.
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