Inaugurada em 1953, a chegada da Escola de Engenharia a São Carlos foi permeada de frustrações, pressões políticas e idas e vindas. A atual Capital da Tecnologia desbancou Campinas na disputa para sediar uma nova escola superior pública de engenharia, o que demonstrou força política do município nas décadas de 1950 e 1960.
Em 1953, o dia 18 de abril fora um sábado. E o município estava em polvorosa com a inauguração da Escola de Engenharia, sediado provisoriamente na Casa D’Itália, antiga sede de um clube italiano.
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Presente no evento, o então governador Lucas Nogueira Garcez proferiu a aula inaugural daquele instituto que seria definidor dos rumos daquela pequena cidade cravada no centro do Estado. Engenheiro egresso da Escola Politécnica de São Paulo, da USP, o próprio Garcez desacreditava na possibilidade de São Carlos receber uma escola de engenharia. Considerava muito pequena para tal pretensão. Afinal, a cidade tinha cerca de 60 mil habitantes.
Em meio a uma pressão das elites do interior pela abertura de cursos superiores fora da capital e, ele próprio, em busca de uma vitrine política para chamar de sua, Garcez era inclinado a abrir universidades, mas em Ribeirão Preto e em Campinas.
O governador foi “dobrado” em conversas com são-carlenses. Uma dica dada por ele próprio era que, se a Assembleia Legislativa aprovasse, ele cumpriria a determinação.
Talvez o que o governador não contava era com a articulação dos políticos e personalidades locais, já frustradas com o descumprimento de promessa de Adhemar de Barros de abrir novas universidades no interior paulista.
A articulação contou com o são-carlense Vicente Botta, que mais tarde se tornaria deputado estadual, o advogado Cândido Malta Souza Campos e Ernesto Souza Campos, um dos fundadores da USP e ministro da Educação na gestão de Eurico Gaspar Dutra.
Outra figura envolvida na articulação era o deputado estadual Miguel Petrilli que se tornou um porta-voz na Alesp dos interesses em abertura de universidade em São Carlos e em outras cidades do interior. Nascido em Ibaté e criado em São Carlos, o político foi o idealizador de projeto de lei que visava a criação da “Universidade de São Carlos”. A propositura encontrou resistências do Conselho Universitário da USP, que “torceu o nariz” à proposta e a desaprovou em consulta feita pelo Legislativo.
Em um atalho para dobrar a resistência de se criar uma nova universidade, Petrilli apresentou nova redação ao projeto, criando diversas unidades universitárias, agora prevendo subordinação à USP. Aprovado em 20 de agosto, foi subscrito pelo governador em 24 de setembro de 1948.
SEM ESCOLA DE ENGENHARIA, CAMPINAS GANHOU UNICAMP
A retirada de Campinas do circuito de novas universidades gerou grande repercussão entre os campineiros que empreenderam campanha contra o governador Garcez.
Por sugestão do amigo Ernesto Souza Campos, indica Zeferino Vaz, fundador e primeiro diretor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, para iniciar outro projeto, de instituição da Universidade de Campinas, a Unicamp, em 1966.
*Com base no depoimento de Décio Luiz Malta Campos à EESC.
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