Uma dose de reforço da Coronavac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac contra a Covid-19, aumenta em 17 vezes o nível de anticorpos neutralizantes contra a variante delta do vírus SARS-CoV-2 em quem já completou o esquema vacinal há seis meses. As conclusões estão em estudo de pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências, Universidade de Pequim, Faculdade de Medicina de Xangai e Sinovac, entre outras instituições, publicado na plataforma de preprints MerRxiv.
O estudo apontou que a dose de reforço da Coronavac potencializa rapidamente e de forma robusta os níveis de anticorpos neutralizantes contra a proteína S, componente que o SARS-CoV-2 usa para invadir células humanas. Além de aumentar em 17 vezes a proteção contra a delta, a dose de reforço aumenta em 17 vezes o nível de anticorpos neutralizantes contra o vírus original (cepa de Wuhan); em 18 vezes contra a variante alfa; em 19 vezes contra a beta; e em 14 vezes contra a gama.
O estudo analisou amostras de plasma de 66 participantes, incluindo 38 voluntários que receberam duas ou três doses da vacina. A avaliação aconteceu quatro semanas após a administração da dose de reforço, sendo que esta foi aplicada seis meses após os participantes da pesquisa receberam a segunda dose.
A Coronavac já se mostrou eficaz contra a variante gama no estudo de efetividade Projeto S, realizado pelo Butantan no município paulista de Serrana. Por meio dele, 95% da população adulta foi vacinada com Coronavac entre fevereiro e abril, quando a variante gama já era predominante no Brasil. A imunização coletiva fez os óbitos por Covid-19 despencarem 95%, as internações, 86%, e os casos sintomáticos, 80%.
Outra pesquisa realizada na China já apontava a eficácia da Coronavac contra a variante delta. Um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças da província de Guangdong, feito durante um surto de Covid-19 causado pela delta, mostrou que a Coronavac evitou o desenvolvimento de casos graves de Covid-19 e teve eficácia de 69,5% contra o aparecimento de pneumonias decorrentes da doença. O estudo envolveu 10.813 pessoas e foi realizado entre maio e junho de 2021.