Já ouviu falar em deepfake? Essa técnica, que utiliza inteligência artificial para criar vídeos falsos, mas convincentes, existe desde 2019, mas voltou a chamar a atenção essa semana. O motivo é o vídeo promocional da Volkswagen em que Elis Regina, uma das maiores cantoras brasileiras, aparece cantando ao lado de sua filha, Maria Rita, em um dueto emocionante.
Enquanto essa tecnologia abre portas para a criatividade e conexão entre gerações, também levanta desafios e preocupações éticas. A disponibilidade de ferramentas e tutoriais online tornou essa tecnologia acessível, ampliando o potencial de uso indevido.
O QUE É O DEEPFAKE E COMO FUNCIONA?
O termo “deepfake” é uma junção de “deep learning” (aprendizado profundo) e “fake” (falso). Trata-se de uma técnica baseada em inteligência artificial que utiliza algoritmos avançados para substituir rostos em vídeos existentes por outros rostos de maneira extremamente realista.
No caso da campanha da Volkswagen, Elis Regina teve sua imagem recriada digitalmente para cantar ao lado de Maria Rita. Para entender como funciona, veja os passos básicos do processo:
1. Coleta de dados: Para criar um deepfake convincente, são necessárias várias imagens ou vídeos do rosto da pessoa que se deseja substituir, chamada de “alvo”. Esses dados servem como base para treinar o modelo de IA.
2. Treinamento do modelo: Utilizando redes neurais profundas, conhecidas como redes generativas adversariais (GANs), o modelo de IA é treinado para aprender a mapear o rosto do alvo para o rosto do substituto. Esse treinamento envolve alimentar o modelo com milhares de exemplos do rosto do alvo combinados com outros rostos.
3. Geração do deepfake: Após o treinamento, o modelo de IA é capaz de gerar um novo vídeo em que o rosto do substituto é inserido no lugar do rosto original do alvo. A tecnologia utiliza técnicas avançadas de processamento de imagem para sincronizar movimentos labiais e expressões faciais, tornando a manipulação quase imperceptível.
4. Aperfeiçoamento e refinamento: É possível realizar ajustes adicionais para melhorar a qualidade e a precisão do deepfake, como ajustar a iluminação, a cor da pele e outros detalhes visuais.
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OS DESAFIOS ÉTICOS E A MANIPULAÇÃO DIGITAL
Apesar das possibilidades fascinantes que o deepfake traz, há desafios éticos que essa tecnologia também apresenta. Uma das principais preocupações relacionadas ao deepfake é a possibilidade de sua utilização para fins maliciosos.
A tecnologia não se limita apenas a substituir rostos em vídeos. Também é possível aplicar essa técnica para manipular áudios, criar vídeos falsos completos ou até mesmo imitar a voz de alguém.
Criminosos têm explorado essa tecnologia para criar vídeos pornográficos falsos com o rosto de pessoas não envolvidas, além de aplicar golpes em que se fazem passar por celebridades ou figuras conhecidas para enganar vítimas vulneráveis.
CUIDADOS NECESSÁRIOS
Diante desses desafios, especialistas indicam a adoção de uma abordagem cautelosa ao consumir conteúdo online. Confira alguns cuidados antes de consumir e compartilhar conteúdos:
1. Verificar a fonte: Sempre procure informações de fontes confiáveis e verifique se a história é apoiada por várias fontes independentes.
2. Examinar detalhes: Preste atenção a pequenos detalhes que possam parecer estranhos ou fora de contexto em um vídeo.
3. Conscientização digital: Esteja ciente de que deepfakes existem e podem ser usados para enganar. Seja crítico ao analisar vídeos e desconfie de informações questionáveis.
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