Neste artigo, vamos explorar as inovações de OFERTA. Este é o quarto artigo de uma sequência de cinco artigos que vai explorar a relação de tipos de inovação e tecnologia, com base no livro “Dez Tipos de Inovação: a disciplina de criação de avanços de ruptura”, por Larry Keeley – aliás, todas as citações deste artigo são deste livro. Para ver nosso primeiro artigo, clique aqui, e para ler nosso artigo sobre inovações de Experiência, clique aqui, e nosso artigo sobre inovações de Configuração está aqui.
As inovações de oferta estão muito relacionadas a melhorias incrementais que as empresas fazem em produtos e serviços que compõe seu portfólio central. Neste tipo de inovação, temos as inovações de Desempenho de Produto e inovações de Sistema de Produto.
1. Desempenho de Produto
As inovações de Desempenho de Produto são responsáveis pela diferenciação dos produtos e serviços da empresa dos demais concorrentes (diretos ou indiretos). Aqui, podemos tratar tanto de novos produtos quanto de extensões e atualizações de produtos e serviços existentes, de forma a trazer mais comodidade para o cliente. De forma geral, essas inovações são caracterizadas por:
– Simplificação
– Facilitar o uso do produto (aqui podemos falar de simplificação, mas também podemos trazer outros atributos como ergonomia e design centrado no usuário, até mesmo comunicações mais simples e diretas)
– Sustentabilidade (inclusive, atualmente este tem sido um atributo cada vez mais relevante pelo avanço das pautas ESG)
– Customização e design que garantem exclusividade
No entanto, é importante dizer que na maioria dos casos, este tipo de inovação sozinha não garante vantagens competitivas por longo prazo. Com a velocidade crescente de adaptação dos concorrentes, impulsionada pelos avanços tecnológicos, o tempo de duração de inovações de desempenho de produto diminui cada vez mais.
Além disso, apesar do foco dessa inovação ser produto, também podemos incluir empresas prestadoras de serviços nesse tipo de inovação: nível de qualidade dos serviços, tempo de realização do serviço, exclusividade, flexibilização, dentre outros.
Especificamente, este tipo de inovação está bastante atrelado ao desenvolvimento e maturidade das tecnologias empregadas no produto. Quando pensamos no papel da tecnologia nas inovações de desempenho de produtos, não podemos esquecer da curva S de tecnologia. Ela nos mostra que a tecnologia, quando é desenvolvida, requer muito investimento no início, demora a dar resultados e ter aplicações práticas significativas. No entanto, após esse período inicial, há um crescimento exponencial em sua aplicação e retornos, até que ela chega em sua fase final de platô. Isso nos diz que, para toda a tecnologia, existe necessariamente um limite de desenvolvimento e melhorias até que seja desenvolvida uma nova tecnologia que, provavelmente, com o tempo, irá substituir essa primeira.
2. Sistema de Produto
As inovações de sistema de produto falam de como podemos criar produtos e serviços complementares e integrados. Neste caso, as empresas podem pensar em como associar ou agrupar produtos e serviços, criando um sistema robusto e escalonável.
Na prática, visualizamos esse tipo de inovação nos seguintes formatos:
– Lojas de aplicativos
– Kits para desenvolvedores e APIs (Application Programming Interface)
– Extensões para produtos existentes
– Serviços complementares após a compra de algum produto
Um grande exemplo de Inovação de Sistemas de Produto é o próprio modelo de negócios da Apple: ao comprar um de seus produtos, como um iPhone, você tem uma série de serviços como a loja da Apple, além de aplicativos exclusivos ou que são lançados primeiro nas plataformas da marca. Neste caso, é interessante perceber também que essa lógica de negócios acaba criando uma grande dependência e exclusividade entre seus produtos e serviços, ao mesmo tempo que também cria uma comunidade de usuários fieis à marca.
Outro exemplo interessante é a Microsoft, que passou a oferecer seus produtos e serviços no formato de pacote (o famoso pacote Office). Além disso, a Microsoft trabalha cada vez mais para integrar todos os seus produtos, facilitando cada vez mais a vida de seus usuários.
Um exemplo bastante divertido e não tecnológico é a marca de lanches “Lunchables”, da Oscar Mayer. São diversas opções de bolachas, queijos, sobremesas e outros quitutes que podem ser comprados pelos pais para tornar a rotina de alimentação das famílias mais prática e divertida.
Neste tipo de inovação, apesar de a tecnologia ter um papel importante, devemos ressaltar que para criar os sistemas, é fundamental colocar o cliente no centro, pois só assim é possível captar suas dores, necessidades e expectativas. Tendo isso claro, é possível desenvolver produtos e serviços integrados, que configurem esse ecossistema no qual o cliente queira ficar e interagir.
Agora já temos os 10 tipos de inovação explicadas em 3 artigos diferentes, e o próximo passo é trazer uma visão de como podemos aplicar esse conhecimento em nossos negócios. Não perca!
Quem é a Carol?
Carolina Pazinato é formada em Relações Internacionais e Economia, Pós Graduada em Economia Criativa, master em Neurobusiness, além de grande entusiasta de Inovação como modo de viver e ver o mundo. Já foi auditora contábil, trainee e especialista do setor farmacêutico, mas encontrou seu propósito trabalhando com inovação. Em 2020, começou como consultora de Inovação na Inventta e hoje trabalha na área de Inovação do Grupo EP, focada em cultura, futuro e tendências. Carol vai escrever nesta coluna sobre inovação e tendência a cada 15 dias. Esse conteúdo é de sua estreia!
