Que a demanda por profissionais de tecnologia da informação é alta (e está aumentando cada vez mais) a gente já sabe, não é mesmo? Afinal, estamos vivendo uma era em que a tecnologia está presente em praticamente todo setor dentro do mercado de trabalho. Prova disso são os dados da Pesquisa de Inovação Semestral do IBGE divulgada em setembro, que mostra que cerca de 85% das indústrias de médio e grande porte se utilizaram, em 2022, de alguma tecnologia digital avançada.
Para além desse dado, é possível observar que existe uma crescente necessidade por esses profissionais de tecnologia, também por conta de outras pesquisas, como o Relatório de Inteligência e Informação das Brasscom, de 2021, que mostra que a demanda por profissionais da área de tecnologia até 2025 é de 797 mil profissionais, sendo uma média de 159 mil empregos por ano.
Todo esse cenário de aumento na necessidade de profissionais que trabalham com tecnologia, e do próprio uso dela no dia a dia das empresas, aponta para um “futuro tecnológico” que já não pertence mais ao futuro propriamente dito, mas sim, ao presente!
As empresas e indústrias que utilizam do trabalho manual e mecânico precisam, de alguma maneira, da tecnologia, seja para automatizar algum processo ou para agilizar determinadas etapas do trabalho. É uma realidade: a tecnologia não é mais um diferencial, mas sim, uma parte importante de todo trabalho.
Mas será que os profissionais estão preparados para esse avanço tecnológico? O que temos hoje, em paralelo a alta demanda de busca por profissionais, é uma lacuna que chamamos de “lacuna de habilidades”, e que mostra que, apesar de necessários, os bons profissionais, sobretudo na área de tecnologia, estão escassos.
“Lacuna de habilidades” dentro do setor de TI prejudica toda a economia
O efeito do déficit no número de profissionais qualificados para o mercado da tecnologia, em comparação com a alta demanda de vagas, é chamado de “lacuna de habilidades”, e, segundo o relatório “Panorama de Talentos em Tecnologia”, divulgado este ano, 87% das empresas no mundo todo já sentem, ou ainda vão sentir, o impacto desse fator.
A falta de profissionais qualificados para atuar em um dos principais setores do mercado, que é o setor de tecnologia, vem desde a formação: segundo o relatório da Brasscom, citado anteriormente, a média de profissionais formados por ano na área tech é de 53 mil. Ou seja, se a demanda é de 159 mil empregos por ano, e os formados são apenas 53 mil, isso significa que há uma lacuna de cerca de 106 mil pessoas qualificadas para trabalhar com tecnologia, anualmente.
Essa lacuna impacta não somente o setor tecnológico, mas toda a economia! SIM: se o mercado se utiliza da tecnologia em todos os setores, isso significa que todo o mercado é prejudicado com esse déficit e essa lacuna de habilidades. Uma vez prejudicando o mercado, a economia fica prejudicada por não ter pessoas aptas a trabalhar, entregando resultados que não atendem totalmente às demandas.
E aí a gente começa a entrar em um outro ponto importante: as contratações. Ok, temos os dados que mostram e comprovam que existe um problema no mercado de tecnologia e que existe a falta de profissionais. Não tem como ir contra os dados, certo? Porém, será que nem ao menos metade desse pessoal está qualificado? Ou será que os recrutadores têm dificuldade em recrutar e contratar bons profissionais?
A capacidade de recrutar pode ser a chave para a mudança de cenário
Apesar dos números não serem tão favoráveis quando falamos em quantidade de profissionais qualificados no mercado de tecnologia da informação, temos também que considerar as contratações dentro desse setor. Será que os recrutadores sabem contratar os profissionais com a aptidão necessária? Esses “poucos” profissionais que têm qualificação para trabalhar no mercado de tecnologia são encontrados pelos recrutadores de hoje?
O que tenho percebido trabalhando como headhunter há mais de 18 anos são os empecilhos na hora de contratar profissionais tech. É muito comum recebermos demandas de vagas que solicitam determinado cargo júnior, por exemplo, mas que exigem experiências que extrapolam os requisitos desta categoria. Ou seja, são exigidas skills e tempo de experiência na área de um profissional que acabou de entrar no mercado. Isso é refletido também nas exigências dos testes aplicados.
É preciso que o recrutador saiba formular e interpretar as características da vaga e, claro, a empresa se disponha a pagar salários coerentes, além de cobrar características e competências compatíveis com determinado serviço contratado. Qualquer coisa contrária a isso faz com que as dificuldades em conseguir bons profissionais para esse setor sejam ainda maiores.
É claro que não estou ignorando os fatos e os dados que mostram uma lacuna de habilidades dentro da área tech, mas vejo que existem bons profissionais, ainda que sejam poucos, que não são encontrados e contratados devido a problemas na hora de recrutar.
Eu vejo que a capacidade de recrutar pode sim ser a chave para mudar esse cenário de muita demanda e pouca gente qualificada para trabalhar!
Reforço que sei muito bem que os dados são reais e que existem mesmo poucos profissionais qualificados para atuar com tecnologia, mas a partir do momento que o recrutamento e a seleção desses poucos profissionais existentes for eficaz, com certeza, muitas empresas terão boas pessoas trabalhando, e cada vez mais a lacuna de habilidades vai ficar menor!
E você, o que acha de tudo isso?
Content Contributor: Renata Tedesco, Headhunter e fundadora da Huntz | Itshow
