Uma startup conecta profissionais que atuam como chapa com serviços de carga e descarga. Por meio de um aplicativo, os trabalhadores conseguem rastrear as tarefas solicitadas pelas empresas. Com aproximadamente dois anos de operação, o aplicativo já reúne em sua base de dados 20 mil chapas cadastrados.
O serviço está presente em 20 estados do Brasil, com mais de 120 clientes. E a primeira operação aconteceu em Amparo, na região de Campinas. O Tudo Inovação tem mostrado como a região de Campinas é destaque nacional em tecnologia e empreendedorismo.
No caso dos chapas, a inovação transformou a realidade de uma profissão que exige o contato pessoal entre a empresa que precisa do serviço e o profissional de carga e descarga. Antes, essa relação acontecia de maneira até precária.
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Quem são?
Os chapas são profissionais que ficam à beira das estradas e rodovias, esperando um caminhoneiro que os leve para ajudar a descarregar mercadoria. É um trabalho que oferece situações difíceis, muitas vezes até perigosas. Mas um grupo de empresários olhou para esta situação com olhar empreendedor e inovou diante desta realidade.
Guilherme Fernandes é cofundador da startup e explica como a inovação, aliada à tecnologia, melhorou o jeito de o chapa trabalhar. “Esse é um problema bastante antigo. A gente olhou sob uma ótica de inovação e tornou essas dores em uma oportunidade de mercado. Na prática, o negócio é um aplicativo que conecta os profissionais com os serviços. E isso agiliza o trabalho”.
Evolução
Foi o olhar empreendedor que fez com que empresários transformassem essa conexão entre as empresas e os profissionais chapa. E o mundo digital facilitou esta relação. De acordo com Guilherme, a ligação entre a empresa e o chapa é feita da seguinte forma. “Basicamente, somos uma plataforma digital que visa conectar duas pontas do nosso negócio: os chapas, profissionais responsáveis por carregar e descarregar caminhões e containers por todo o Brasil. E do outro lado a gente tem a indústria, o comércio, os prestadores de serviço. E por intermédio dos seus motoristas a gente realiza a conexão. O que a gente fez foi levar essa relação para o ambiente virtual”.
Segundo Guilherme, além daqueles profissionais que sempre trabalharam como chapa, a plataforma atrai também diferentes tipos de pessoas em busca de trabalho. “Na plataforma existe hoje os chapas de carreira, aqueles que sempre trabalharam com carga e descarga. Mas a gente também ressignificou um pouco essa profissão. Tem desempregados, tem muita mulher realizando as atividades na plataforma, e tem pessoas que vem trabalhar poucos dias na semana para completar sua renda, intercalando com seu trabalho principal.
Um destes profissionais que trabalham para complementar a renda é Danilo Alberto Barbosa. Ele conta que o dinheiro que ganha pelos serviços realizados como chapa o ajuda a fortalecer o seu negócio principal. “Como eu tenho uma loja, com o dinheiro do chapa eu consigo fazer um capital de giro para meus produtos. Então foi muito bom para mim”.
Para ele, a facilidade de conseguir trabalho é um dos fatores que o atrai. “É muito simples. No aplicativo aparece tarefa pendente. Então você verifica a tarefa, vê a localização, e se você puder, você vai até o local e realiza o serviço”.
Para muitos trabalhadores informais, o aplicativo pode também ser uma porta para novas oportunidades profissionais. O jovem Ryan Felipe dos Santos vê no aplicativo uma chance para mudar de vida. “O grupo que criou esse aplicativo é muito grande. Então não é só uma pessoa orientando e ajudando. É um grupo de pessoas que está ali a todo momento tentando fazer a melhor forma para você trabalhar. E é uma porta que vai te abrir para um emprego. Eu conheço muita gente que começou como chapa em uma empresa e acabou sendo contratado”.
Para Ryan, a simplicidade em encontrar trabalho é um ponto importante do aplicativo. “Para nós facilitou porque a gente pode escolher a tarefa até sentado no sofá. É só pegar o aplicativo e ver se tem alguma tarefa. Você pode aceitar a tarefa ou recomendar para um amigo, se você não tiver disponibilidade naquele momento”, diz.
Com boas oportunidades de trabalho, este tipo de profissional pode vislumbrar a realização dos próprios sonhos. No caso do Ryan, o sonho é ser artista musical, e o trabalho como chapa o tem ajudado na gravação de suas músicas. “Eu já fazia minhas músicas. Mas depois que apareceu esse lance do chapa, consegui aprimorar a minha carreira. Eu já consegui registrar algumas músicas e estou guardando dinheiro para estar reproduzindo elas”.
Desafios
O cofundador da startup, Guilherme Fernandes, conta que o começo da startup não foi fácil e que o processo para concretizar o aplicativo foi bastante exigente. “É muito difícil porque o que você tem são as dores, as necessidades daquele negócio que você enxergou. Mas ainda muito precisa se provar. Tem muita coisa para se fazer nessa jornada para que, de fato, essa oportunidade vire uma empresa. A gente se utilizou de um processo de aceleração do mercado, que pudesse trazer conteúdo, processo, controle, e para que a gente pudesse provar esse negócio”.
Como principais desafios para a concretização do negócio, Guilherme cita a aplicação da tecnologia para levar ao ambiente virtual uma realidade que antes acontecia basicamente no âmbito presencial. E também o investimento que ela demanda. “A maior dificuldade de empreender foi principalmente em aspectos que demandam tecnologia intensiva, como no nosso caso, que somos um Market Place de chapas. Você precisa ter um Mínimo Produto Viável para testar. Então já aí você precisa empregar recurso, para fazer um MVP que se comprove, que sane todas as suas hipóteses e dali para frente você precisa empregar em tecnologia cada vez mais. Tem muito investimento, tem uma jornada muito grande de recurso intensivo”.
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