12 de dezembro de 2024
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Tudo Valor

Lojas Americanas: entenda os reflexos do “rombo” bilionário

Justiça deu 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial; clientes do Nubank também são afetados

 

Na última semana, a Americanas comunicou que foram detectadas inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o de 2022. De acordo com a área contábil da companhia, em uma análise prévia, a estimativa era que essas inconsistências alcancem R$ 20 bilhões na data-base de 30 de setembro de 2022.

Logo após o anúncio, o presidente da Americanas, Sérgio Rial, e o diretor de relações com investidores, André Covre, deixaram os cargos. Logo depois, uma nova estimativa apontou que o valo em inconsistências poderia chegar a R$ 40 bilhões. O “rombo” na empresa fez com que a companhia pedisse recuperação judicial e também está afetando clientes do banco digital Nubank – leia mais abaixo. 

 

 

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No primeiro comunicado, foi identificada a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a Americanas é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras de 30 de setembro do ano passado. 

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Um processo administrativo – o terceiro – foi aberto no dia 12 de janeiro pela Comissão de Valores Mobiliários para apurar as condutas relacionadas à falha contábil reconhecida pela Americanas. 

RECUPERAÇÃO JUDICIAL 

Já no dia 13 de janeiro, a Americanas pediu e conseguiu na Justiça proteção contra credores que queiram antecipar o pagamento de dívidas. O juiz Paulo Assed, da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, concedeu uma tutela cautelar para suspender vencimentos antecipados e efeitos de inadimplência da companhia. 

Após a decisão, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deu 30 dias corridos para a Americanas entrar com pedido de recuperação judicial. O processo corre em segredo de justiça e foi obtido pelo Estadão/Broadcast. 

O pedido da Americanas se deu porque as inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões comunicadas pela empresa podem levar ao vencimento antecipado de R$ 40 bilhões em dívidas, segundo alegação da varejistas ao TJRJ. 

NUBANK 

A derrocada dos papéis das Lojas Americanas na Bolsa de Valores não afetou apenas quem investe na companhia. A queda histórica no valor da empresa prejudicou, por tabela, os investidores de um dos fundos mais conservadores do Nubank, que registrou perdas nos últimos dias. Fundos de outras gestoras que tinham recursos aplicados nas Americanas e seus investidores também tiveram perdas. 

Com aplicação a partir de R$ 1, o Nu Reserva Imediata tinha quase 1% do seu patrimônio aplicado em debêntures da Lojas Americanas e da B2W em setembro do ano passado, de acordo com o último dado disponível. O fundo tem um patrimônio de quase R$ 2,6 bilhões e é vendido como um produto de baixo risco dentro da ferramenta “caixinha” (espécie de poupança oferecida pela fintech). Os papéis da Americanas, por sua vez, também eram considerados de baixo risco por agências de rating.
Ao todo, o Nu Reserva Imediata tem 18,61% do patrimônio aplicado em debêntures. 

Entre quinta-feira, 12, e sexta-feira, 13, na esteira da perda de valor do papel da companhia na Bolsa, o valor da cota do fundo registrou queda. Caiu de R$ 1,147577 para R$ 1,138968, de acordo com dados compilados pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais). 

O recuo fez com que o fundo passasse a ter um desempenho abaixo do CDI, o referencial perseguido. Nos seis últimos meses o Nu Reserva Imediata tem ganhos de 6,4%, enquanto o CDI tem alta de 6,69%. Até o dia 12, porém, os ganhos do Nu Reserva em seis meses eram de 7,39%, enquanto o do CDI de 6,63%. A rentabilidade negativa do produto provocou uma enxurrada de reclamações nas redes sociais, com os investidores questionando a perda com o fundo.

Procurado, o Nubank afirmou que cerca de 10% das “caixinhas” existentes têm recursos no Nu Reserva Imediata, que é uma das opções de fundo, com alta liquidez, baixo risco (grau de investimento), e que busca rentabilidade acima do CDI ao longo do tempo. ” O impacto de rentabilidade nesse fundo específico, causado pelo evento atípico de mercado, tende a ser amenizado ao longo do tempo pela estratégia de gestão do fundo”, disse em nota. Acrescentou que, “na experiência oferecida para as Caixinhas, o Nubank oferece diferentes opções de investimentos aos clientes, de acordo com seus objetivos, o questionário de adequação do perfil de risco do cliente e aceite do termo de adesão”. 

A gestora de fundos de investimentos do Nubank, a Nu Asset Management, por sua vez, afirmou que o “fundo de renda fixa ‘Nu Reserva Imediata’ possui estratégia desenhada para ser uma opção de baixo risco e altíssima liquidez, e busca performance acima do CDI ao longo do tempo”. Destacou ainda que o fundo de tem grau de investimento, “possui rentabilidade nominal positiva de 2,72% nos últimos 90 dias, e segue trajetória de rentabilidade de longo prazo, apoiada pela diversificação de investimentos”. A gestora acrescentou que “a pequena parcela de investimento em debêntures das Lojas Americanas, historicamente avaliada como Triple A por diferentes casas de rating, já foi revista”.

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Marcos André Andrade
Marcos André Andrade é formado em jornalismo pela Unesp e pós-graduado em Gestão da Comunicação em Mídias Digitais pelo Senac. No Grupo EP desde 2022, é editor do Tudo EP e foi repórter do acidade on Campinas. Tem passagens pela Band Campinas, Rádio Bandeirantes de Campinas e Rádio Band News de Campinas, onde desempenhou as funções de âncora, editor, produtor e repórter.
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