Pela primeira vez em sua história, a Locomotiva está classificada para as oitavas de finais da Série D. Agora, o adversário é outro: a Locomotiva enfrenta o Esportivo de Bento Gonçalves na próxima fase.
Engana-se quem pensa que a emoção não esteve presente no jogo de sábado. Com surreais 22 minutos de acréscimo, a Ferroviária foi sim melhor no jogo e, através de um lance polêmico mas também certeiro, marcou o gol que decretou a classificação para as oitavas de finais.
Logo aos 40 segundos de jogo, Gleyson saiu cara-a-cara com o goleiro Edmar Sucuri e desperdiçou uma chance inacreditável. Oportunidade essa que, se fosse convertida, provavelmente mudaria o rumo do jogo com apenas de minuto de partida.
Na sequência do embate, aos 4 com Jefinho, aos 31 com Gleyson e aos 45 com Júlio Vitor, mais oportunidades foram perdidas. O gol afeano se mostrava iminente, mas a preocupação sobre a sua demora existia.
Com um primeiro tempo bom, a Ferroviária fazia um jogo digno do time de melhor pontuação na Série D, porém, o segundo tempo estava por vir.
Nos segundos tempos, em específico, o desempenho afeano é melhor: 2 gols sofridos e 15 marcados, apenas nos 45 minutos finais dos embates na Série D, enquanto nos iniciais são 3 sofridos e 9 marcados.
Neste segundo tempo em específico, o que se viu foi uma situação absurda, uma ação ridícula: o árbitro tomou a decisão certa em relação ao pênalti, mas os doze minutos de espera no questionamento falta-pênalti foram inaceitáveis.
Mesmo que, na minha opinião, a decisão tenha sido tomada de forma correta, a demora na marcação, que sucederia um dos maiores acréscimos da história do futebol, marcou a má atuação da arbitragem.
No primeiro confronto, o “acachapante pênalti não marcado no fim do jogo” já foi um indício de uma má arbitragem, mesmo que o quarteto de juízes tenha sido alterado de um jogo para outro.
Mas o que se viu no segundo jogo, foi ultrajante: além da extensa demora, os jogadores e comissão técnica do Brasiliense mandaram em cima do 4º árbitro, “colocando dedo na cara”, ameaçando e até empurrando o assistente. Segundo a súmula do árbitro, “cusparadas e palavrões” foram dirigidos ao quarteto.
Não à toa foram distribuídos cinco cartões vermelhos, todos para a equipe visitante. No momento da decisão do pênalti, os descarados visitantes tentaram, sem resultado, cavar buracos na marca da cal, onde seria cobrado o pênalti que viria a ser convertido por Júlio Vitor.
Com 23 minutos de jogo, a tensão aumentava cada vez mais. Na cabeça vinham os anos anteriores, 2019 e 2020, nos quais a Locomotiva foi eliminada pateticamente na segunda fase da Série D.
O certeiro pênalti, convertido doze minutos após a sua marcação, foi um alívio para quem desejava nunca mais jogar esta divisão.
Ao chegar no fim do tempo regulamentar, o assistente levantou a placa com dezenove minutos de acréscimo, tendo acionado mais três durante esses 1140 segundos.
Nunca, na minha vida, vi um tão grande tempo extra em uma partida: 22 minutos que pareciam demorar 22 horas.
A Ferroviária se classificou pela primeira vez para a terceira fase da Série D. O que se viu no jogo de volta foi ultrajante, mas o importante é a classificação inédita.
Que essa temporada seja a última na Série D, que tal situação nunca mais ocorra em um Campeonato Brasileiro, independente da divisão.