“A mãe dela trabalha, está procurando vaga na creche e não está conseguindo achar”, disse Dulce Helena Ferreira, de 25 anos. Ela é madrinha da pequena Rieni, de 6 meses, que tenta ser inserida no Centro de Educação e Recreação do bairro Adalberto Roxo, na zona norte de Araraquara.
Mas esta dificuldade não é isolada, mas, sim, compartilhada por 450 crianças, de 0 a 3 anos, que estão na lista de espera de algum dos 41 CERs da cidade.
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A mãe da Rieni trabalha na separação de material reciclável em um ferro-velho e não pode ficar com a filha. A Dulce, que está desempregada, cuida da afilhada a maior parte do tempo, mas quando algum “bico” aparece, não pode ficar com a criança.
Quando não posso ficar, ela tem que pagar alguém para ficar com a filha. Praticamente trabalha para pagar alguém para olhar a menina”, disse Dulce.
As informações referentes à fila de espera, ou lista de excedentes, foram publicadas recentemente pela secretaria municipal de Educação em ato oficial. Em maio, eram 715 crianças aguardando por uma vaga, mas o número caiu para 450 no mês seguinte.
O órgão explicou que a etapa, de 0 a 3 anos, não é obrigatória e que Araraquara não atende 100% da demanda, como acontece em muitas cidades brasileiras. Atualmente, segundo a secretaria, a cidade atende mais de 60% das crianças nesta faixa etária.
“Entretanto, o município já bateu a meta nacional estabelecida pelo Plano Nacional da Educação que propõe ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% das crianças de até 3 anos até 2024”, afirmou em nota enviada ao acidade on.
A Dulce lembrou que foi informada pela creche do bairro que vai precisar esperar porque tem outras crianças à frente na lista. “Tem muitas mães que não trabalham e que as crianças ficam o dia inteiro na escola. As mães deixam a criança na escola, ficam o dia inteiro sentada na calçada e não fazem nada da vida, e quem precisa não consegue”, desabafou.
A secretaria de Educação também respondeu sobre a declaração. De acordo com o órgão, “o atendimento é um direito da criança e a condição laboral da mãe é utilizada apenas como critério para definição de prioridade, ou seja, não há impedimento para a frequência de crianças cujas mães não exercem atividade remunerada”.
O município disse ainda que o processo antecipado de inscrição para vagas permite acontece para organização da rede. “Cabe o alerta às famílias para que procurem a unidade mais próxima a sua residência para proceder à solicitação de vaga para o próximo ano letivo”, informou.
As inscrições para o próximo ano acontecem entre 8 e 30 de setembro de 2022.
