O sol estava no ápice nesta quinta-feira (09) na Avenida Padre Francisco Salles Culturato, a Avenida 36 em Araraquara, mas o artista circense de rua Evandro Nunes de Araújo trabalhava a todo vapor com um sorriso nos “olhos”.
Caracterizado como o palhaço Cabrinha, o artista fazia malabarismos com suas bolinhas e esbanjava energia e muita arte.
Natural de Rio Claro, Araújo veio cursar faculdade de Letras na Universidade Estadual Paulista (Unesp) em 2017 e dá aulas de Português e História. Mas é um apaixonado por arte circense.
Ele aproveitou o período de pandemia para desenvolver e mostrar suas habilidades pelos semáforos da Morada do Sol.
“Tirei o tempo da pandemia, que deu um breque em tudo, para desenvolver arte e comecei a desenvolver o palhaço Cabrinha, que gosto muito. Agora estou pegando experiência na rua. Antes trabalhei com o palhaço Pequeno. Ele me indicou leituras e fiz algumas oficinas com ele”, contou.
Araújo trabalha cerca de 3 horas no farol e o dinheiro que arrecada o ajuda para complementar a renda.
“Faço um dinheirinho para o almoço, de um mercadinho, uma verdura. Depois vou para casa estudar e desenvolver outras artes. A arte está dentro de todo mundo, só precisamos desenvolver”, comentou.
METÁFORA DO PALHAÇO
O palhaço Cabrinha contou que ver o riso no rosto das pessoas já faz o seu dia. Ele comentou que, mesmo as que parecem estressadas, acabam sorrindo após a apresentação, o que ele chamou de “metáfora do palhaço”.
“Geralmente existe a metáfora do palhaço que já traz o riso. A arte circense é o riso, já estamos em estado de jogo, o meu nariz, a bolinha, então acredito que a recepção seja um pouco mais fácil pela metáfora do riso. As pessoas querem isso, mesmo fechando a cara, indo trabalhar, um sorriso sempre escapa”, avaliou.
AMOR À ARTE
Cabrinha disse que leitura e teoria são fundamentais para desenvolver um personagem, como o palhaço (clown).
“A arte só existe porque é necessária para nós seres humanos. Temos que criticar a realidade e a leitura e a teoria são fundamentais para desenvolver um personagem de clown . Quando visto essa máscara de palhaço, transformo a realidade e viro outra coisa”, apontou.
Ele é um apaixonado pela arte circense e se entrega de corpo e alma. Também comentou que dinheiro não é tudo.
“O que posso dizer é que artista de rua é se entregar para as artes. Faço o clown mais pela arte, embora o dinheiro seja intrínseco à vida no sistema capitalista. Se tudo tem valor e vira mercadoria, porque não reconhecer a arte pagando por ela? O dinheiro é bem vindo sim, mas um sorriso é muito mais”, completou.