Quando a técnica de enfermagem Iria Cristina Monteiro de Moura (37) notou, há dois anos, um caroço na sua mama durante um autoexame em sua casa, ela pensou que não fosse nada sério e que o mesmo sumiria com o tempo. Eis que 20 dias depois, ela refez o toque e notou que ele continuava ali. Imediatamente, marcou uma consulta com um médico e fez todos os exames solicitados.
No resultado, o temido diagnóstico, que indicava um tumor maligno no local. “Meu mundo desabou, não sabia o que dizer para a minha família. Quando temos uma notícia como essa, logo pensamos no pior”, lembra. Esse mesmo sentimento negativo preencheu o coração da analista financeira Cecília Sambrano (61), em outubro de 2019. “É um desespero, você não sabe o que o pensar. O chão se abriu pra mim”, completa.
Começava, assim, uma batalha em nome da vida para as duas araraquarenses. Batalha esta que acomete mais de 50 mil mulheres todos os anos, no Brasil. Segundo elas, um detalhe fez toda a diferença para o final feliz dessa caminhada: o acolhimento e o carinho, tanto por conta dos amigos, familiares, bem como de todo o corpo médico responsável pelo tratamento.
“Não é fácil, tinha horas que eu só chorava. Porém, sabia que era hora de cumprir todas as etapas, como a cirurgia, a quimioterapia e a radioterapia. Em cada passo, é muito importante você ficar ladeada de pessoas especiais, que te mostram, com muito carinho, que a vida precisa seguir. O susto é grande, mas, aos poucos, você vai diluindo e superando a doença”, comenta Iria.
Cecília também revela que quase desistiu de tudo, mas a sua fé e a confiança na ciência alimentaram sua vitória contra o câncer. “Só tenho a agradecer o apoio de todos, dos profissionais aos amigos e familiares. Estou aqui, curada e muito feliz. E falo para você, mulher, que está começando o tratamento: fique tranqüila, você não está sozinha”, pontua.
Cuide-se
A ginecologista e obstetra Dr. Fernanda Fogaça Durante afirma que o câncer de mama é um assunto que deve fazer parte da rotina do ser humano, principalmente da mulher, não sendo lembrado, apenas, durante o Outubro Rosa, campanha que compartilha informações e promover a conscientização sobre a doença.
“Nós temos uma arma muito importante para o diagnóstico precoce e a prevenção: o autoexame, que deve ser feito entre o terceiro e o quinto dia após a menstruação. A mulher que não menstrua mais tem que fazer o procedimento uma vez por mês, em data escolhida por ela mesma. Além do toque, é necessário observar o formato das mamas, a coloração, a posição e o tamanho das mesmas. Precisamos nos conhecer”, comenta a especialista.
Além desse simples, porém eficaz método de prevenção, a também ginecologista Dra. Ana Rita Dos Santos também ressalta a importância da mamografia, exame radiográfico no qual as mamas são comprimidas, gerando uma imagem para análise.
“Esse procedimento é importantíssimo e, realmente, faz a diferença. Ele faz com que apareçam lesões palpáveis ou não palpáveis, que podem ser um câncer inicial. Quanto antes for descoberto, maiores são as chances de cura, e menores as sequelas para a mulher”, comenta a especialista.
A adoção de um estilo de vida saudável, com a realização de atividades físicas regulares, a abolição do etilismo (bebidas alcoólicas em geral), o controle do peso corporal, a adoção de uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e carnes magras diminuem e previnem o surgimento de novos casos de câncer de mama.
“O excesso de peso leva a uma maior produção de hormônios no tecido adiposo, podendo agir, negativamente, sobre as células mamárias. Outro detalhe: a atividade física deve ser regular, de preferência aeróbica, três vezes por semana. A amamentação exclusiva, pelo menos até os seis primeiros meses, é também um fator de proteção contra o câncer de mama”, aconselha.