A estudante da Unesp em Araraquara, Natália Bitencourt, foi eleita vencedora da área de “Ciências Biológicas” na fase final do 33º Congresso de Iniciação Científica (CIC) da universidade, com uma pesquisa que estuda o desenvolvimento de peptídeos (pedaços de proteína) mais eficazes contra bactérias multirresistentes.
A autora do projeto é orientada pelo professor Eduardo Cilli do IQ. A jovem atualmente cursa farmácia-bioquímica na Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCFar) da Unesp. O congresso foi realizado nos dias 29 e 30 de novembro, de forma remota.
De acordo com Natália, que é bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o uso indiscriminado de antibióticos impulsionou o aparecimento de cepas bacterianas resistentes a diversos medicamentos.
Para matar essas bactérias, ela vai usar proteína do veneno de uma cobra, a Jararacuçu, da mesma espécie que os pesquisadores usaram para inibir a ação da covid-19.
“O trabalho é uma pesquisa acadêmica na qual eu obtenho através de síntese química, peptídeos que possuem atividade antimicrobiana e, mais recentemente, descobrimos que também possuem atividade antiviral. Esses peptídeos são originalmente obtidos de uma região de uma proteína presente no veneno da Jararaca”, explicou Natália.
RESISTÊNCIA
Na prática, o trabalho possibilitaria o tratamento de infecções causadas por bactérias que apresentam resistência aos antibióticos disponíveis no mercado.
“O mecanismo pelo qual os peptídios inibem o crescimento bacteriano ainda não foi totalmente elucidado. Entretanto, já temos fortes indicações de que esses peptídeos atuam de formas diferentes e em diferentes tipos de bactérias. Em certos tipos de bactérias eles atuam no interior da célula, promovendo a morte bacteriana, e em outros tipos eles atuam na superfície da célula”, explicou a pesquisadora.
Para aprimorar essas substâncias, a Natália alterou a estrutura das moléculas e conseguiu potencializar a ação antimicrobiana. A ideia dela agora é enxergar completamente a ação da proteína, fazendo testes invitro e depois utilizando no tratamento de infecções.
“Penso na execução desse projeto a longo prazo se desenvolvendo através da elucidação completa do mecanismo de ação desses peptídeos, através também da realização de ensaios clínicos. Aí, quem sabe, eles poderão ser usados em tratamentos de infecções bacterianas, na forma de injeções intravenosas e pomadas de uso cutâneo”, finalizou Natália.