Ana Maria Scarpa, de 35 anos, e o marido, 33, pretendiam ampliar a padaria em que trabalhavam e se mudar para uma chácara, segundo o relato do amigo da família, Jessé Benedito da Silva. Mas antes que os sonhos se tornassem realidade, ela foi morta pelo companheiro, na noite da última quarta-feira (3), em Américo Brasiliense.
O crime aconteceu na residência do casal, que fica aos fundos de um dos estabelecimentos comerciais da família, no Parque Planalto. Ana Maria foi atingida por um tiro na cabeça e morreu na hora, mas o marido que tentou suicídio sobreviveu e está internado em estado grave no Hospital São Paulo, em Araraquara.
Jessé, que é pedreiro e ajudou a construir a chácara, contou que o casal estava sempre junto e fazia planos para o futuro.
“Eu me lembro e eu sei que o casal era perfeito. Tinham as briguinhas normais de qualquer casal. A gente vivia junto, na padaria ou na chácara. Eles não tinham briga, discussão, estavam sempre juntos, onde um estava, o outro também estava”, contou.
Sentado na praça, que fica em frente ao comércio da família, Jessé se emocionou ao lembrar da convivência com os amigos e da surpresa ao saber do que havia ocorrido.
“A gente via o casal sempre em harmonia. Ele trabalhava de madrugada, saía, fazia as compras da padaria, voltava e a mulher estava trabalhando. Chegava a tarde, ele ia para a chácara. Sempre foi um casal perfeito“, afirmou.
Na noite da última quarta-feira (3), ao notar a movimentação policial no local, o pedreiro pensou que a padaria tivesse sido assaltada e ainda não acredita no que aconteceu.
“Todo santo dia estávamos juntos. Eu ia passar a virada do ano com eles, mas acabei viajando. A gente vai, passa o ano tranquilo e na volta se depara com isso. É muito triste. É inacreditável“, concluiu.
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A INVESTIGAÇÃO
Para o delegado Jesus Nazaré Romão, o assassinato de Ana Maria teve motivação passional e não foi premeditado. “Segundo as primeiras informações trazidas pelo pai, ele teria ficado com ciúmes por ter a visto conversando com uma pessoa de quem não gostava. Então, por conta disso, ele teria discutido com ela, sacado uma arma e efetuado o disparo”, disse.
De acordo com a investigação, após matar a esposa com um tiro na cabeça, o homem, 33, chamou pelo seu pai, confessou o crime e depois tentou se matar.
Ana Maria não resistiu e morreu na hora. Já o marido está internado no Hospital São Paulo, sob escolta policial, e o seu estado de saúde é considerado grave.
Segundo Romão, também não há indícios de que o casal tinha histórico de violência doméstica. “Neste primeiro momento, não há informações de violência familiar. Aqui [na Polícia Civil] também não há registro de ocorrências. Vai ser apurado no decorrer da investigação se há histórico de violência ou não, mas a princípio não há”, afirmou.
Para praticar o feminicídio, o homem utilizou uma pistola calibre 6.35 mm sem permissão de uso. “Esta é uma arma de pequeno calibre, de uso permitido, uma semi-automática, que tem numeração, ou seja, não tem sinais de adulteração, mas não há documentação ou se, até o momento, não foram apresentados. Pode ser que no decorrer das investigações sejam apresentados os documentos”, pontuou o delegado.
O casal é pai de dois filhos, de 6 e 14 anos, que não estavam em casa no momento do crime.