Foi como uma forma de lidar com a dor que Pâmela Priscile de Morais Bego, de 39 anos, e o marido Amadeu Moura Bego, de 42, decidiram eternizar a breve passagem e o amor seu primeiro filho em uma praça no Jardim Cambuy.
Depois de perder o primeiro filho em 2021, o casal enterrou as cinzas da criança junto a uma árvore em um terreno que virou praça no bairro.
Desde 2011, o lugar, que era só um terreno baldio, foi ganhando vida e o olhar de cuidado dos moradores e recebeu iluminação e até calçamento. Recentemente, o espaço cheio de várias espécies de plantas, ganhou o nome do menino Loui de Morais Bego que faleceu de uma síndrome rara antes mesmo de sair do ventre de sua mãe.
A chegada e partida de Loui
A história de amor da família Bego com Loui começou no Natal de 2020, quando Pâmela descobriu a gravidez.
“Foi muito emocionante, porque Loui foi o primeiro neto/sobrinho da família. As expectativas eram todas aquelas dos pais de primeira viagem: como seria a nossa nova rotina com o bebê, preparação e decoração do quarto, se seria menino ou menina, com quem ele iria se parecer, se conseguiríamos dar conta de sua criação, preocupações com o futuro e a educação, dentre outras”, contou Pâmela.
Porém, no quinto mês da gestação, o casal descobriu que Loui tinha o diagnóstico de hidropisia fetal, quando o líquido acaba entrando nos órgãos do bebê que ainda está se desenvolvendo. As chances de sobrevivência após o parto eram baixíssimas e a criança poderia precisar depender de aparelhos para sobreviver.
Em junho de 2021, quando Pâmela estava com 31 semanas de gestação, a notícia que o casal mais temia chegou: o coração do pequeno Loui havia parado de bater.
“Por recomendação médica, Pâmela realizou um parto normal induzido, constatando a morte do Loui no dia 23 de junho de 2021, como natimorto”, disse Amadeu.
Um amor infinito
Lidar com a perda de um filho é um dos acontecimentos mais devastadores e complexos que pais podem passar. Voltar para casa depois da perda de Loui foi se deparar com o ninho vazio.
“Um período de muita dor e fragilidade. Vivemos tudo o que os pais têm para viver ao longo de uma vida em questão de alguns meses. O amor incondicional, as alegrias com as pequenas conquistas de desenvolvimento, as expectativas com o futuro, os sonhos de família”, desabafou o casal.
As batidas do coração de Loui podem ter cessado, mas o amor de seus pais por ele nunca acabou.
“Decidimos cremar o bebê e depositar suas cinzas no espaço juntamente com o plantio de uma árvore, que ficou conhecida posteriormente como a árvore do Loui”, contou o casal. “Desde então, o espaço passou a ter um valor simbólico e sentimental muito grande para nós, bem como para toda a vizinhança”, finalizou.
Com um tempo, os restos de Loui foram transferidos para debaixo de uma Paineira gigante, plantada pelo casal em 2011.
Uma nova gestação
Após um longo período de recuperação e acompanhamento psicológico, Pâmela e Amadeu ficaram ‘grávidos’ novamente em 2023, dessa vez de Liam.
Em maio, ele completou 4 meses. Mesmo sem conhecer o irmão mais velho, Loui, ele ouve as histórias de amor e carinho dos pais, que nunca o esqueceram.
Para Pâmela, três fatores a ajudaram a se fortalecer diante da perda. “Aceitar, ressignificar e não desistir. (…) Nós, por exemplo, encontramos no plantio de árvores o significado e simbolismo para transformar a morte em vida, a dor em esperança e o esquecimento em preservação da memória de nosso filho”, contou o casal, que também participa dos encontros do Grupo Transformação (grupo de apoio à perda gestacional e neonatal).