No último final de semana, três jovens estudantes de uma universidade particular de Bauru fizeram um vídeo debochando de uma colega de classe, por ter mais de 40 anos.
O caso viralizou, trazendo a tona o etarismo (discriminação com a idade da pessoa) e muita indignação.
Em Araraquara, mulheres com mais de 40 anos provam que estudar independe da idade, e que o aprendizado é algo constante.
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O maior exemplo é a dona de casa Célia Aparecida Fernandes Carboni, de 71 anos. Ela voltou a estudar no ano passado e frequenta o NEJA (Núcleo de Educação de Jovens e Adultos).
Matriculada no 6º ano, ela disse que é muito incentivada pelos jovens e professores.
“Eu estou amando, estudar é a coisa mais deliciosa do mundo, se eu soubesse que era tão gostoso tinha voltado antes. Sou muito bem tratada e incentivada por todos, não tem preconceito aqui, somos todos iguais. Eu amo estudar”, contou.
As suas matérias preferidas são matemática, história, geografia e português. Só a língua inglesa que não é muito chegada, mas se esforça em aprender.
Ela contou que já tinha vontade de voltar a estudar antes, porém os atributos da vida acabaram impedindo o seu retorno, pois sempre cuidou da casa e da família.
“Meus filhos, netos e cunhada sempre me incentivaram a voltar a estudar, a agora deu certo. Estou indo bem e na luta”, comentou.
Gláucia Cristina Carboni, filha da dona Célia, tem 42 anos e também é outro exemplo. Em fevereiro último, ela se formou em pedagogia pela Faculdade de Ciências e Letras (FCLAr) Unesp de Araraquara. É a segunda graduação de Gláucia, que é formada em nutrição.
3ª GRADUAÇÃO
A professora e coordenadora de Ensino Médio, Márcia Nogueira Januário, 45 anos, é um caso a ser estudado.
Márcia está na 3º graduação, agora EAD (Educação a Distância) em matemática, e é formada em pedagogia e ciências biológicas. Ela fez pedagogia aos 40 anos, e agora ruma para a área de exatas.
“O que mais motiva a voltar a estudar é poder ajudar nossos estudantes. Quanto mais formações e especializações um profissional tiver, melhor será a sua aula e consequentemente o aprendizado”, apontou.
Ela disse que quando cogitou em voltar à faculdade ficou preocupada com tempo, devido a dupla jornada, no trabalho e em casa.
“Tenho uma filha adolescente, casa, dois empregos. Mas quando conversava com as pessoas mais chegadas todo Mundo incentivava, e pensei nos meus alunos, ah como pensei! Porque isso vai potencializar minhas aulas e me ajudar a cada vez mais a entender os nossos resultados”, avaliou.
Ela disse que nunca passou por situação de preconceito e etarismo, e agora se prepara para um mestrado e até um doutorado.
“Sempre me senti muito bem e acolhida. Nunca passei por essa situações de preconceito. E digo para as mulheres de 40+ que vocês podem tudo e que lugar de mulher 40+ é onde ela quiser. Depois que terminar essa graduação, tenho o meu projeto de vida. Quero fazer mestrado e quem sabe doutorado”, conclui.
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