O Conselho Federal de Farmácia listou 40 medicamentos em falta no Brasil. Entre eles estão dipironas, paracetamol bebê e amoxicilina.
Na região de Araraquara, a situação é a mesma. A secretaria de saúde do município disse que existe escassez de princípio ativo para fabricação de medicamentos voltados ao público infantil.
Araraquara enfrenta falta de dipirona gotas e amoxicilina. O município já comprou os medicamentos, mas a entrega está atrasada desde fevereiro deste ano.
VEJA TAMBÉM
Homem morre três dias após colidir contra coqueiro em Araraquara
Sesc Araraquara prepara espaço “Parque de Inverno” para julho
Segundo a pasta da saúde, no caso do paracetamol gotas há estoque, mas só deve durar até mês que vem. A reposição do paracetamol está atrasada desde março.
A Saúde diz que já fez todo processo de compra dos remédios, mas eles não foram entregues por falta de insumos.
A reportagem da CBN Araraquara procurou o sistema privado Unimed para saber a situação na rede privada em Araraquara. Porém em nota, a Unimed diz que não vai se posicionar neste momento sobre o assunto.
Para a professora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Unesp, Patricia Mastroianni, o Brasil conheceu essa dificuldade na pandemia quando faltou matéria-prima para produção de produtos simples, como o álcool gel.
Ela acrescenta que a guerra no leste europeu também é um complicador, já que o Brasil é um país importador de matéria-prima.
“Nós estamos tendo um desabastecimento da matéria prima, o Brasil até produz uns medicamentos mas a maioria dos princípios ativos, dos recipientes, farmoquímicos são produtos importados então ficamos desabastecidos para a produção”, apontou.
EM GAVIÃO PEIXOTO
A saúde de Gavião Peixoto informa que falta amoxicilina na cidade, tanto na rede pública, quanto na privada.
O secretário geral do Conselho Federal de Farmácias, Gustavo Pires, explica que as fábricas responsáveis pela produção desses medicamentos mudaram o perfil de trabalho por causa da pandemia.
“As fábricas de produção mundial não só dos insumos, mas de medicamentos voltaram a sua produção para medicamentos mais consumidos durante a pandemia, não só os hospitalares mas os medicamentos de maneira geral, as fabricas mudaram um pouco a forma de produção e não conseguimos voltar a normalidade dessa produção”, comentou.
O secretário também diz que as medidas restritivas nos países exportadores impactam no abastecimento no país.
“Outro fator interessante é que a grande maioria dos insumos ativos para produção nacional de medicamentos no Brasil são importados da China que vem passando as últimas semanas e meses em lockdown frequente. E isso atrapalha não só a produção como também aquelas fábricas de insumo que teriam estoques estão com dificuldades com a exportação devido a aeroportos e portos estarem fechados”, avaliou.
Para reverter esse cenário existem estratégias a curto prazo e também a médio-longo prazo.
A professora Patricia Mastroianni explica que a curto prazo é preciso que o Ministério da Saúde crie estratégias para facilitar a importação e o acesso aos medicamentos.
“Primeiro é preciso estratégias do Ministério da Saúde para garantir a importação e o acesso a curto prazo pois dependemos desses medicamentos. São necessário políticas governamentais, da Anvisa e o Ministério articularem com os países e facilitar todo o acesso”, opinou.
O Ministério da Saúde publicou uma resolução que libera critérios de estabelecimentos ou de ajustes de preços em medicamentos com risco de desabastecimento no mercado brasileiro.
O ministério também fez a inserção de medicamentos na lista de produtos com redução do imposto de importação sobre insumos.
A médio-longo prazo, a solução para os especialistas seria investir em tecnologia.
“Tem que investir em ciência e tecnologia para a gente ficar cada vez mais independente da matéria prima, e ter a produção nacional dos insumos”, conclui Mastroianni.
LEIA MAIS
Câmara de Araraquara chama sessão extraordinária após trancar pauta