O trânsito de Araraquara registrou mais de 1,1 mil acidentes sem vítimas no ano passado. Em média, é como se todos os dias pouco mais de três ocorrências fossem registradas pelas avenidas, ruas e rodovias que passam pela cidade.
O número representa aumento de 15% em relação a 2020, quando foram registrados pouco mais de mil acidentes. Os dados são do InfoSiga, banco de dados do governo de São Paulo, que reúne informações sobre acidentes em todo Estado.
O professor Lucas Périco, de 26 anos, foi uma destas vítimas. O carro em que ele estava foi atingido por um ônibus, na Rodovia Antônio Machado SantAnna (SP-255), na altura do Jardim Martinez. Ele conta que apesar do susto e da gravidade do acidente não se feriu.
“Não sei explicar exatamente o que aconteceu, como procedeu, mas eu senti quando o ônibus colidiu com a lateral esquerda na parte de traz do carro”, lembra. “Aí meu carro rodopiou na pista, e ele foi me empurrando e me arrastando pela mureta de proteção”, conta.
Este tipo de acidente em que o Lucas se envolveu é o mais comum, é chamado de colisão. Das ocorrências em que foi possível apurar as causas, 548 foram desta natureza, ou seja, 46% do total. Na sequência, aparecem os choques (79) e atropelamentos (28).
O InfoSiga também revela que 88% dos acidentes aconteceram em via municipal. A maioria dos casos foi por volta do meio-dia e às 18h horário em que há grande fluxo de veículos em circulação.
O coordenador de Mobilidade Urbana de Araraquara, Nilson Carneiro, explica que o pico de maior movimento costuma acontecer na parte da manhã, no horário do almoço e no final da tarde, e que por isso a incidência de acidentes é maior nestes períodos.
“É um horário em que há movimento nas escolas, pessoas saem para almoçar”, pontua.
Já no final do dia, têm dois fatores que contribuem para os acidentes: o cansaço dos trabalhadores e também o lusco-fusco, que é o fenômeno natural de transição entre o dia e a noite, e que muitas vezes atrapalha a visão dos condutores.
“Além destes fatores, tem ainda a questão do celular, que tem um peso grande na distração dos motoristas”, avalia. “A gente percebe esta situação quando o semáforo abre e a pessoa não toca porque está totalmente alheia”, completa Nilson Carneiro.
Para o especialista em trânsito e professor da Universidade de São Paulo (USP), José Leomar Fernandes Junior, mesmo com a atipicidade por conta da pandemia, o número é muito alto, e mostra que os esforços estão aquém da necessidade, ou não são suficientes para reduzir estes indicadores.
“Precisamos preparar os condutores, desde a infância, ter boa sinalização, boas vias com pavimento bem cuidado, e ter uma fiscalização eficiente já que o fator humano é preponderante nos acidentes”, avalia.