Araraquara passará a contar com seu próprio aplicativo de transporte privado urbano a partir do dia 03 de janeiro. Trata-se do Bibi Mob, que oferecerá um serviço parecido com as plataformas que funcionam atualmente, permitindo a busca por motoristas baseada na localização e oferecendo um serviço semelhante ao tradicional táxi.
O Bibi Mob será oferecido pela Cooperativa de Transporte de Araraquara, a Coomappa, que tem como propósito facilitar o trabalho dos motoristas, que sofrem diariamente com uma série de obstáculos encontrados no exercício da função.
Kátia Cristina Anello, presidente da Coomappa, explica que a criação da cooperativa se iniciou em novembro de 2020, quando um grupo de motoristas se juntaram para buscar alternativas sobre esses problemas.
“Eles se reuniram para analisar o que poderia ser feito, visto que já naquela época os aumentos do combustível estavam tornando árdua nossa caminhada, com a manutenção encarecendo cada vez mais e os aplicativos, e as grandes plataformas com um valor de repasse sem reajuste há quatro anos”, recorda.
Após muitas reuniões e debates, chegou-se à conclusão da criação da cooperativa.
“De início, criamos a cooperativa Coomappa com 28 motoristas que apostaram no projeto, resolveram investir para darmos início a tudo isso. Desde então, a cooperativa foi constituída em março de 2021, quando demos entrada, legalizamos e fizemos a abertura da empresa, entre outras coisas”, destaca.
Assim, foi determinada uma série de propostas visando a melhoria do trabalho dos motoristas e dos passageiros, entre elas a criação de pontos de embarque e desembarque de passageiros.
“Não conseguimos desembarcar o passageiro com segurança e sem também corrermos o risco de sermos autuados porque tem locais que são difíceis a parada e não tem como parar em determinadas ruas”, justifica Kátia, que também cita a criação de uma base de apoio.
“Seria um local onde o motorista, que passa em média 10 a 12 horas na rua, tivesse um banheiro adequado para uso, uma área de descanso para poder descansar e se alimentar decentemente porque hoje eles se alimentam dentro dos próprios veículos”, revela.
SOBRE O APP
Mas a grande proposta da Coomappa era a criação do seu próprio aplicativo.
“É o nosso maior projeto para nos livrar do trabalho escravo que nos sujeitamos às plataformas. O valor do repasse continua exatamente o mesmo de quatro anos atrás, de quando a Uber e a 99 vieram para Araraquara. Partimos para a luta, buscamos apoio com a Prefeitura, nos reunimos já várias vezes com parlamentares, com prefeito Edinho, com o vice-prefeito Damiano, com o Nilson Carneiro, e se montou uma força-tarefa para que esse sonho pudesse se tornar realidade. E no mês passado a cooperativa finalmente conseguiu fazer a aquisição do aplicativo”, comemora Kátia.
A presidente da Coomappa assegura que o APP resultará em um retorno maior aos motoristas.
“Será descontado apenas uma porcentagem em torno de 5 a 7% do valor da corrida para manutenção do software, da plataforma, que o desenvolvedor vai ter que fazer, porque isso acaba gerando uma mensalidade. Em torno de 95% da corrida vai ficar para o motorista, porque o aplicativo não tem fins lucrativos, a Coomappa não vai lucrar nada em cima do aplicativo”, salienta.
Ela aponta ainda outras vantagens de ser um cooperado. “A cooperativa tem diversas parcerias, com descontos em serviços que a gente utiliza no dia a dia, como consertos de pneus, autocenter, lava-rápido, guincho, para tentar amenizar um pouco o custo com os veículos. E também vamos, nesse ano de 2022, participar de algumas licitações com empresas locais que utilizam dos serviços de transporte para os funcionários”, acrescenta.
Kátia aponta que atualmente os motoristas de aplicativos passam por diversos imbróglios relacionados a passageiros.
“Temos problemas com centenas de passageiros que dão calote no final da corrida, o motorista não tem a segurança de saber quem está entrando no seu carro, se aquela pessoa é verificada ou não, então a vida do motorista está sempre em risco dentro do carro. Tudo isso vai tornar mais seguro para os dois lados, tanto para os motoristas quanto para os passageiros. E pelo fato do aplicativo não ter fins lucrativos, vamos conseguir fazer com que a corrida chegue para o passageiro um pouco mais em conta do que o cobrado pelas outras plataformas”, conclui.