Após dois anos, Araraquara voltou a registrar casos de Chikungunya. Em dois meses, foram duas confirmações da doença, que também é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti.
Os casos aconteceram em setembro e outubro. São duas mulheres, de 27 e 61 anos, com comorbidades, que apresentaram sintomas crônicos da doença, e que permanecem com dores nas articulações.
Em 2018, Araraquara registrou cinco casos da doença. Mas ficou sem nenhuma confirmação nos dois anos seguintes.
O coordenador da Vigilância em Saúde, Rodrigo Contrera Ramos, atribui o reaparecimento de casos ao surto que ocorre em todo estado de São Paulo.
“O Estado emitiu um alerta no início do ano e com a volta da circulação das pessoas o vírus pode ter chegado aqui em Araraquara. Os dois casos preocupam porque pode ocorrer uma transmissão mais intensa, principalmente, agora que estamos no período mais chuvoso, onde o mosquito apresenta maiores índices de infestação”, afirmou.
Os primeiros casos da doença foram notificados no Brasil no segundo semestre de 2014, no Amapá e na Bahia. Segundo o ministério da Saúde, atualmente, todos os Estados já registram transmissão do vírus chikungunya pelo mosquito Aedes aegypti.
A médica infectologista Estela Maura Cirino Cattelani diz que a notícia preocupa porque mostra que o vírus está circulando na cidade.
“Nós sabíamos que de qualquer maneira o Aedes nunca deixou de existir na cidade e as pessoas continuam mantendo criadouros em domicílios. Não podemos baixar a guarda. A covid está aí, mas as outras doenças continuam existindo e as pessoas não podem negligenciar suas residências, começou a ter a circulação do vírus da chikungunya e temos o mosquito”, alertou.
A doença é dividida em três fases: febril ou aguda, com duração de 5 a 14 dias; pós-aguda, com até três meses, e crônica, quando os sintomas persistam por mais de três meses.
Ainda, segundo a médica, o diagnóstico por ser feito clinicamente ou através de exame sorológico. Ela explica que muitas vezes os sintomas se confundem com a dengue.
“O que acontece na chikungunya normalmente? A pessoa tem essa dor, ela tem febre, sintomas semelhantes ao da dengue e após um período essa pessoa persiste com esses sintomas por mais de três meses e isso evolui para a forma que chamamos de crônico, que pode persistir por anos”, afirmou.
“É uma doença que tem uma evolução bem diferente da dengue, por exemplo, que tem uma evolução bem limitada, é aguda e só dá durante sete dias. E é tão difícil as vezes você diferenciar no início que você começa a tratar como se fosse a dengue”, completou.
O coordenador da Vigilância em Saúde diz que este cenário preocupa, principalmente, porque 80% dos criadouros do mosquito estão em imóveis habitados.
Ele alerta que a população fique atenta aos sintomas e procure atendimento rapidamente.
“As pessoas que apresentam o início súbito de febre com 38,5 graus, dores intensas nos cotovelos, joelhos, punho, qualquer articulação e manchas vermelhas e bolhas pelo corpo devem procurar uma unidade de Saúde o mais rápido possível. Iniciar uma hidratação robusta e procurar a unidade de saúde o mais rápido possível para receber atendimento adequado”, finalizou.