O produtor musical araraquarense Gilson Carvalho, o Gil, de 60 anos, é cria das escolas de samba de Araraquara. Aos 14 anos ele foi introduzido ao universo carnavalesco na Escola de Samba Estrela do Santana.
Acompanhou e desfilou em diversos carnavais da Morada do Sol e faz parte do renomado grupo Mania de Samba, onde toca percussão ao lado dos músicos prata da casa Carrapicho Rangel e de Junior Barros.
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Ele se recorda dos velhos tempos de folia da cidade e da magia em produzir as melhores fantasias para os desfiles e carnaval de salão.
“O carnaval era uma época aguardada, era muito forte aqui e Araraquara sempre foi muito ligada ao samba. Antigamente as esposas e namoradas bordavam as fantasias, eram meses pensando e produzindo as melhores fantasias. Hoje é diferente, o pessoal sai com uma calça jeans e camiseta como se fosse no bar, o carnaval de salão não existe mais”, avalia.
O percussionista lembra que havia muita rivalidade entre os clubes, grandes shows e desfiles de escolas de samba nas ruas.
“Tinha muito carnaval de rua, a gente descia a rua 2 , passava pela São Paulo até a Bandeirantes. E havia também rivalidade entre os clubes, o carnaval de salão era muito forte, e sinto falta desse verdadeiro carnaval de salão. Hoje é como se fosse um passeio a mais na noite, eram outros os costumes, mas o carnaval continua vivo”, enfatiza.
Prova disso é agenda do músico, que toca em várias cidades nas quatro noites, e acompanha como produtor a bateria da Vai Vai no clube 22 de Agosto.
“Já vi grandes shows aqui da Beth Carvalho, Clara Nunes, Martinho da Vila, Agepe”, lembra.
QUERIDO 22 DE AGOSTO
O representante comercial, Eduardo Soranso, de 60 anos, administra uma página no Facebook muito acessada e querida pelos foliões araraquarenses: “22 de Agosto o mais querido”.
Ali, fotos de épocas de ouro do carnaval araraquarense revelam o glaumour e brilho da folia do clube.
“Eu sempre digo que os “grandes carnavais” de salão foram principalmente nos anos 70 e todos foram inesquecíveis no clube 22 de agosto. Sinto falta do carnaval puro, com confete, serpentina e músicas somente de carnaval”, aponta.
Soranso se recorda que antes o Carnaval parecia mais simples e nem por isso menos divertido.
“Via de regra o carnaval antigo era aquela bandinha saindo pelas ruas e o povo simplesmente indo atrás dançando e se divertindo muito sem se preocupar om mais nada e qualquer roupa ou tema era fantasia , isso passou para os salões populares e depois para os clubes, a única pena é que a simplicidade do carnaval acabou”, reflete.
MORADA DO SAMBA
A vida do sambista araraquarense Carlos Amaral, de 63 anos, ficou marcada e de certa forma, definida, quando ingressou na Escola de Samba “Pra Frente Brasil”. Ainda criança, ele já iniciou na percussão, e a escola levou o título, em 1970.
Unidos da Morada do Sol, Escola de Samba Estrela do Santana, Pra Frente Brasil, Academia do samba, bloco “Apesar de Você”, Colombina Desvairada, Em cima da hora…eram vários os grupos. Muitos músicos, como Amaral, tem raiz no carnaval araraquarense.
“O que mais me marcou foi o começo com a escola de Samba pra Frente Brasil. Era para eu sair na ala das crianças de passista, mas falaram pra eu sair na bateria e ganhamos o carnaval, e a partir daí cresci ouvindo as baterias das escolas de samba”, diz.
Amaral guarda boas recordações do auge das escolas de samba da Morada do Sol, e recorda as longas noite de carnaval.
“A escola da minha vida é o samba, eu desfilei em todas as escolas de Araraquara, todos os clubes tinha um bloco, as comunidades participavam. Eu atravessava Vila Xavier e ia na escola Santo Antônio Anjos da Vila, vendia amendoin, engraxava sapato para alugar instrumento e tocar. Sou feliz porque vivi e vivo do samba até hoje e tive o prazer de estar com todos. Araraquara é um celeiro de músicos”, lembra.
“O carnaval ia para madrugada a dentro, no Melusa, Clube, no 22, Academia de samba, Palmeirinha, Naútico, esse era o carnaval da época”, finaliza o bamba do samba araraquarense.
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