O Natal do ano passado foi muito difícil para a família da araraquarense Andreia Oliveira da Silva, moradora do bairro Romilda Barbieri, na zona norte de Araraquara.
Mãe de cinco filhos, Andreia está desempregada e em situação de vulnerabilidade social. Na noite de 24 de dezembro de 2020, ela e seus filhos foram dormir porque não tinham nem arroz e feijão para passar pela noite.
“No ano passado, a gente passou dormindo porque não tinha o alimento, então a gente foi dormir antes das 0h porque não tinha nem arroz nem feijão. O meu pedido é que não falte alimento, não digo nem ceia, mas comida nesse Natal”, desabafou.
Antes da pandemia do coronavírus, Andreia trabalhava de bicos como segurança e de garçonete em buffets. Mas tudo se complicou e, além da falta de trabalho, ela está com uma hérnia de disco aguardando cirurgia, o que limita algumas atividades.
Em setembro deste ano, seu marido foi preso. Ele fazia bicos como motorista de aplicativo e ajudava na casa.
DIFICULDADES
Os filhos de Andreia têm entre 16 e 2 anos, e entre eles está Robert, um garoto autista de oito anos.
Ele é assistido pela Associação Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) e a renda da família provém do Benefício de Prestação Continuada (BPC) referente ao garoto.
Andreia comentou que a família sobrevive de doações e é assistida pelo Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), além de apoio da APAE com algumas doações de cestas. Porém, ainda falta alimento na mesa da família.
“A minha família sobrevive de doações da Apae. Eles me ajudam bastante e tiro do salário mínimo dele pra comprar fralda, leite mas não dá para o mês todo porque é muita criança. Temos ajuda do CRAS mas eles não acompanham aqui em casa, faço solicitação de cesta e enviam uma cestinha mas é raro, faz tempo que não pego cesta lá”, comentou.
Com um salário mínimo por mês, a desempregada contou que não consegue pagar todas as despesas, que incluem fraldas e remédios, entre outros itens.
Ela deve R$ 9 mil para o Departamento Autônomo de Água e Esgoto de Araraquara (Daae). A dívida foi parcelada em 70 vezes, e é incluída na conta mensal.
Andreia reforçou que economiza e ensina as crianças a desligarem a torneira para escovarem os dentes e que o banho é de dois minutos, mas a conta continua alta.
“Meu talão de água vem R$ 200/300 reais, a luz fica entre R$ 100 e R$ 200, o gás é R$ 120. Você vai colocar uma mistura dentro de casa e é uma calamidade. Tem que comprar ovo, salsicha e batata quando dá, tenho um bebê que precisa de fralda, leite e às vezes fica doente. Tenho que comprar medicamento, porque é difícil conseguir”, explicou.
Na semana passada, a água foi cortada e a família ficou uma semana sem. Andreia contou que dependia de vizinhos e foi muito complicado, porque o bebê de dois anos ainda faz as necessidades na calça.
“Como eu não tinha uma entrada no dia, o Daae cortou. Tenho filho pequeno que faz as necessidades na calça, e dependemos dos vizinhos, e não dá pra ficar pedindo toda hora. E pra usar banheiro também é assim. Foi uma semana muito tensa”, desabafou.
O QUE DIZ A PREFEITURA
Em nota, a Prefeitura de Araraquara comentou que o núcleo familiar de Andréia é acompanhado pelo CRAS Vale Verde desde o ano de 2017 de forma frequente.
“Recentemente, a equipe técnica do CRAS pleiteou, junto ao INSS, pedido de Benefício de Prestação Continuada (BPC) ao filho da sra. Andreia e acompanhou este processo até sua conclusão. O benefício foi concedido em 21 de setembro de 2021. Além disso, mediante solicitação e avaliação técnica, a família é atendida com cesta básica. Ou seja, a família é acompanhada sistematicamente pela equipe técnica do CRAS”, frisou a nota.
Segundo a prefeitura, um auxílio reclusão referente ao marido também é acompanhado pelo CRAS junto ao Instituto Nacional de Seguro Nacional (INSS).
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PEDIDO DE NATAL
Andreia se emocionou ao falar que só tinha três litros de leite para o mês de dezembro e que não pode dar para todos os filhos.
“Não tem leite para todos, eu deixo para o pequeno de 2 anos, porque se for dar para o Robert e outro, vai igual água. Eu preciso de doação de alimentos, tudo o que vier de alimentos é bem vindo. Essa é minha realidade, não posso maquiar o que estou vivendo, infelizmente não estou bem e eles dependem de mim”, disse com lágrimas nos olhos.
Roupas e sapatos também são bem vindos para as crianças. Eles só têm um par de calçados cada um.
O pequeno Voight , de seis anos, disse que gostaria de conhecer o Papai Noel este ano e quem sabe ganhar um avião “com controle remoto”.
“Eu queria ver Papai Noel no Natal. Queria um brinquedinho, um avião com controle remoto, nunca tive um”, contou.
Já Ruby, de 12 anos, gostaria de ganhar uma mochila para ir à escola. O garoto Robert gostaria de um carrinho com controle remoto. E confessou que não sabe mais se Papai Noel existe.
COMO AJUDAR?
A família precisa de doações de alimentos, leite, roupas e calçados.
Endereço: Avenida José Satkauskas número 1339 , bairro Romilda Barbieri