Há seis anos morando em Israel, a jornalista Maristela Micali Galati, de 30 anos, natural de Taquaritinga, na região de Araraquara, relatou o medo que está sentindo com os ataques do grupo terrorista Hamas, que começaram no último sábado (7) e mataram pelo menos mil pessoas até o momento.
Maristela é casada com um israelense, que conheceu em viagem ao Rio de Janeiro, e, atualmente, mora em Tel Aviv, cidade a 60 quilômetros da Faixa de Gaza, território palestino onde se concentram os confrontos.
“Embora os ataques estejam mais intensos no sul do país, aqui no centro, também somos atingidos por mísseis. Apenas no norte do país as coisas estavam mais calmas, porém, agora, o Líbano está atacando essa região”, contou.
A jornalista relatou que soube pelo marido sobre a ofensiva do Hamas, após a sirene de alerta do país soar pela primeira vez por volta das 6h30 da manhã daquele dia e não tinha ideia da gravidade dos ataques.
“Logo depois que ele me contou, estava tentando entender o que estava acontecendo, quando tocou a segunda sirene aqui em Tel Aviv, por volta das 10h. Aí, sim, eu entendi que realmente estávamos em guerra“, lembrou.
Segundo Maristela, apesar de existir a possibilidade de ataques terroristas e conflitos frequentes, o país costuma ser tranquilo e mesmo agora ainda existe um certo clima de normalidade, com pessoas frequentando cafés, indo a supermercados ou levando o cachorro para passear na rua.
“Sempre tive uma vida muito feliz e tranquila em Israel. Tel Aviv é uma cidade incrível, com uma população jovem e internacional. Os brasileiros sempre dizem que Tel Aviv é como o Rio de Janeiro, mas menor e sem a violência“, contou.
Segundo o Itamaraty, mais de 14 mil brasileiros vivem em Israel e cerca de 2,6 mil pediram para voltar ao Brasil após o início dos confrontos. Na madrugada desta quarta-feira (11), pousou em Brasília o primeiro voo da FAB (Força Aérea Brasileira) com os primeiros 214 repatriados.
De acordo com o governo do Brasil, dois brasileiros estão entre os mortos no território israelense. Bruna Valeanu e Ranani Glazer, ambos de 24 anos, estavam em uma festa, que foi alvo de bombas e invasão de membros do Hamas.
A jornalista de Taquaritinga disse que a maioria dos seus amigos em Israel é brasileira e que, embora com medo e assustados, todos tentam dar força uns aos outros.
“A verdade é que às vezes eu me sinto em um filme, porque isso que eu estou vivendo, até antes de me mudar para Israel, eu só conhecia por filmes. Até hoje é difícil me acostumar com essa nova realidade. Não é como os israelenses que cresceram em meio disso e para eles tudo isso é ‘normal’, sempre fez parte de suas vidas”, opinou.
Diante do aumento das tensões, Israel declarou guerra e convocou mais de 300 mil reservistas, entre eles, o marido de Maristela, que é médico, mas já foi combatente e atuou como atirador por três anos no Exército.
“Foi muito assustador. Imaginar que uma pessoa que você ama vai se juntar à guerra te dá muito medo”, descreveu.
Do outro lado, a contraofensiva israelense já matou mais de 900 palestinos, com ataques a cerca de 800 alvos na Faixa de Gaza. Uma incursão por terra pode começar a qualquer momento e aumentar ainda mais as tensões, principalmente, diante da ameaça do Hamas de matar reféns israelenses.
De acordo com a jornalista, mesmo com os recentes acontecimentos, o povo judeu tem se mantido unido e em prontidão para ajudar. “Todos aqui queremos justiça pelas mais de mil pessoas mortas, duas mil feridas e duzentas sequestradas até o momento. Queremos que os terroristas paguem por isso“, desabafou a brasileira.
Ela disse ainda que sua família no Brasil está aflita e que, diante do que assiste na tevê, tenta tranquilizá-la. Mas que não pensa em voltar ao país por enquanto.
“Meu marido está aqui e Israel se tornou a minha casa. Não irei abandona-los. Se a situação piorar muito, talvez, eu reconsidere a pedido do meu marido. [Espero que tudo termine] com a vitória de Israel e o fim do grupo terrorista Hamas. Mas, o mais importante, com o menor número de vítimas possível de ambos os lados”, concluiu.
