Em uma reunião que levou quase três horas, os coletores de lixo doméstico que se reuniram, na tarde da última quinta-feira (17), com o promotor do Ministério Público do Trabalho (MPT), disseram que estão trabalhando por mais tempo e sem conseguir atender toda a demanda.
O encontro foi intermediado pelo sindicato que representa a categoria, após dois dias em que a nova forma de trabalho voltou a ser adotada pelo Departamento Autônomo de Água e Esgotos (DAAE), por decisão da Justiça.
Segundo a advogada, Fernanda Balduino Bombarda, os trabalhadores justificaram ao promotor Rafael de Araújo Gomes, que no sistema anterior, cada equipe levava quatro horas para fazer toda coleta. A jornada, porém, aumentou para seis horas e sem que toda demanda seja atendida.
“Eles estão se cansando mais e coletando menos”, afirma a advogada. “Este encontro foi uma forma dos trabalhadores explicarem o motivo do descontentamento deles e as dificuldades que estão tendo nesta modalidade sem os estribos”, explica.
O sindicato sinalizou ao MPT algumas mudanças que podem contribuir com o bem estar dos trabalhadores até que a decisão judicial seja cumprida integralmente. Uma das propostas é o retorno da plataforma de descanso na parte de traz dos caminhões.
A ideia é que o estribo seja utilizado em pequenos deslocamentos, em trechos de 100 a 200 metros, e em velocidade reduzida de 15km/h. O carro de apoio deve continuar junto a cada equipe.
A advogada explica que o transporte continuaria nas cabines e nestes carros, mas que o deslocamento dentro dos bairros poderia ser feito nas plataformas. “O estribo não será para o transporte, mas para o deslocamento de uma esquina a outra”, detalha.
A mudança sugerida seria uma adaptação até que a sentença fosse cumprida gradualmente, e não de forma abrupta. Outra proposta é a diminuição da carga horária dos trabalhadores e pausas periódicas.
“Eles trabalham desta maneira há muitos anos. Então é difícil está mudança sem uma prévia; o serviço deles é muito pesado”, avalia.
Procurado, o MPT, que é o autor da ação civil pública que resultou na mudança de modelo, informou que deve responder à proposta de conciliação nesta sexta-feira (18) e aproveitar várias das sugestões do sindicato.
“O sindicato não é parte no processo judicial, apenas fez a intermediação. Fizemos a ponte que faltava”, finaliza Fernanda Balduino.