Ele é um verdadeiro “almanaque” da bicicleta em Araraquara. Ceci, Barra Circular, Caloi 10, Cruiser, Monark 10, Mountain Bike, Contrapedal. Sabe o ano de fabricação, qualidade e durabilidade. O bicicleteiro araraquarense Dirceu Puim, 67 anos, está no ramo desde os anos 70 e ama o seu ofício.
Começou ainda jovem, aos 16 anos, com um “pai” de vida e ofício, o seu Celso. Inclusive, sua oficina ainda leva o nome de Celso, que montou a oficina nos idos de 1967, na rua Voluntários da Pátria e depois se mudou para a Rua Carlos Gomes (rua 6).
“Sempre gostei de bicicleta, e aprendi tudo com o antigo proprietário. Ele foi um pai pra mim e continuei com o nome dele pela consideração que tenho por ele, muitos me chamam por Celso”, conta rindo.
BIKES ANTIGAS E PARRUDAS
Dirceu conta que as bikes de antigamente eram mais fortes e aguentavam mais o tranco. Mas eram mais difíceis de consertar, já que na época não se trocavam peças como hoje.
“Mudou bastante o ramo. Antigamente as bicicletas davam mais trabalho, porque tudo a gente consertava, hoje quebrou-trocou. As bikes de hoje são mais frágeis. As bicicletas mais antigas eram mais duráveis, mais fortes e são mais valorizadas do que as de hoje”, aponta.
Na oficina do seu Dirceu, aliás, há muita bike das antigas. Ele só vende bicicletas usadas, e em bom estado. Há vários modelos das décadas de 70, 80 e 90.
“Eu avalio e revendo, sempre vendo abaixo do preço de sites. Uma Ceci aqui sai R$ 600, com pintura original, já uma Caloi 10 sai entre R$ 700 e R$ 800”, comenta.
PEDAL DE HOJE E ONTEM
Regulagem de marchas, troca de pneus, revisão e outros pequenos consertos movimentam a bicicletaria. Porém, Dirceu conta que muita coisa mudou nesses anos de profissão, incluindo o movimento.
“Antigamente tinha mais serviço, hoje tem bastante oficina e dividiu um pouco para cada um. Antes, há uns 30 anos atrás, tinha dia que abria a loja às 5h da manhã de tanto serviço”, lembra.
Sobre o momento da pandemia, ele conta que não foi tão afetado porque ficou parado por pouco tempo.
Muitos de seus clientes são netos ou filhos de uma velha geração de ciclistas da Morada do Sol.
Araraquara é uma cidade praticamente plana, então é mais fácil de pedalar por aqui. E o costume do pedal acaba passando de geração em geração, além de fazer bem para a saúde.
“São gerações de filhos e netos que trazem a bicicleta para consertar porque o avô ou o pai trazia, é muito comum. A bicicleta também é um esporte importante, principalmente para a saúde, e vários andam desde pequenininhos”, comenta.
Dirceu já pedalou muito pela região e fazia trilhas constantes para Matão e outras cidades.
“Já andei muito de bicicleta, mas pela idade vou mais de leve agora. Quando era mais novo, pedalava bastante, ia até Matão, pra vários lugares. Nunca me vi fazendo outra coisa na vida, sempre mexi com bicicleta. É a minha vida”, conclui.