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CotidianoBiólogo de Araraquara alerta para riscos das queimadas à saúde e meio ambiente

Biólogo de Araraquara alerta para riscos das queimadas à saúde e meio ambiente

População pode ajudar a amenizar o impacto com pequenas e importantes ações no dia a dia

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O professor do curso de biologia da Uniara (Universidade de Araraquara), Olavo Nardy, alertou a população para os perigos das queimadas descontroladas nesse período de grande estiagem que afetam a fauna e a flora e ocasionam sérios danos à nossa saúde, principalmente aumentando casos de problemas respiratórios e de outras doenças. O professor deu dicas de como podemos ajudar a amenizar o problema, levando em consideração que ainda teremos um período longo de seca antes da volta das chuvas.

“Toda alteração que nós provocamos no meio ambiente, alteramos o ponto de equilíbrio do sistema. Como as alterações que promovemos, sobretudo no estado de São Paulo, foram muito grandes, principalmente com a retirada e/ou substituição da vegetação por paisagens mais homogêneas, com grandes plantações de cana-de-açúcar, alteramos o ponto de equilíbrio do sistema. Então, parte desse desequilíbrio é ter ventos mais intensos, solos mais expostos e possibilidade de incêndios naturais com mais intensidade, além da atividade humana que provoca esses incêndios”, relata.

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“Nessa época era para estarmos chegando ao fim da seca, mas podemos pensar que, por conta dessas alterações, temos ainda mais uns vinte ou quarenta dias de estiagem, com um clima mais seco, para, a partir daí, começar as chuvas. Isso é um problema sério, pois essas queimadas intensas acabam se intensificando porque nesses dias estamos com muito vento e isso propaga bastante esses incêndios, não só florestais, mas também em áreas de pastagens, de cana-de-açúcar”, completou Nardy.

Tempo seco favorece a incidência de incêndios e queimadas (Foto: Walter Strozzi)

Na visão do professor, a população vem enfrentando grandes problemas devido ao lançamento de materiais particulados na atmosfera, que acabam chegando às cidades e estão aumentando doenças respiratórias e até o consumo de água.

“Precisamos nos preocupar em ter uma rede de combate a esses incêndios, pelo menos de alerta, para indicar a quem faz o combate, como as brigadas de incêndios das usinas, o Corpo de Bombeiros e outras brigadas que existem na região, como, por exemplo, das empresas de papel e celulose, para tentar fazer com que elas trabalhem de forma conjunta para reduzir esses incêndios enquanto são coisas pequenas”, orientou.

Segundo o docente, uma das saídas seria a criação de um sistema de detecção de fumaça e de incêndios, pois o custo social desses problemas vem gerando um custo excessivo para a sociedade. “Precisamos ver como prevenir e agir para os próximos períodos secos que, como mudamos o ponto de equilíbrio, talvez eles sejam mais extensos”, afirmou o biólogo.

“Para as pessoas que vivem nas áreas urbanas, a dica é sempre ficar de olho nos terrenos vazios — baldios —, porque eles podem pegar fogo, tanto de forma natural quanto de forma criminosa, intencional. Seria importante os moradores solicitarem uma vistoria no terreno ou se conhecerem o proprietário, solicitar que ele faça o corte da massa biológica que pode queimar e fazer a retirada desse material”, pontuou.

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O docente também alertou moradores de periferias ou áreas próximas de vegetação natural, matas ciliares e rios urbanos, para que acionem as autoridades em caso de fumaça ou incêndios, mesmo que em pequenas proporções.

“Informem ao Corpo de Bombeiros e às autoridades municipais responsáveis, para que se possa tomar uma atitude antes do fogo chegar a um ponto crítico. Porque, perto da área urbana, o risco de perda de vidas ou sequelas mais graves é muito maior. Temos que ficar bem atentos a esses pontos de fumaça que vemos subindo”, alertou.

Incêndios em vegetação estão castigando todo o interior de São Paulo (Foto: Walter Strozzi)

Sobre a relação do lixo com as queimadas, o professor contou que existem diferentes “combustíveis” para os incêndios, desde bitucas de cigarros acesas até lixo em geral. “Uma garrafa de plástico com água gera um efeito de lente que, ao confluir com os raios solares e a palha seca, pode gerar um incêndio. Por isso, a dica para o cidadão comum é evitar jogar lixo na rua, principalmente bitucas, vidros, plásticos e coisas desse tipo, que podem se tornar combustível para incêndios. Se possível, chamar a atenção de pessoas que fazem isso. Sei que é difícil, mas evitar jogar o lixo e dar informações é uma forma de ajudar”, aconselhou.

Outro problema causado pelas queimadas é em relação aos animais domésticos ou silvestres. Isso, segundo o professor, é um efeito secundário das queimadas, quando os animais procuram locais seguros e na fuga podem até mesmo causar acidentes.

“Um animal desesperado em fuga nunca sabemos qual o comportamento que ele pode ter. Às vezes eles podem vir se esconder nas casas e a gente nem vê, como nos forros, casinhas de cachorro, embaixo de um armário. Se for uma cobra, um animal de maior porte ou um animal que esteja com alguma doença que possa ser transmitida, o problema é ainda maior”, completou o biólogo.

Por isso, ele indica, nesses casos, “entrar em contato com o setor dos animais sinantrópicos da prefeitura, que tem uma equipe especializada para retirada, principalmente de animais peçonhentos”. “Se for animais maiores, entrar em contato com o Corpo de Bombeiros, que são treinados para o manejo desses animais”, disse.

Nardy aconselhou a população a tentar utilizar a água de forma racional, pois nem sempre temos informações de como estão os nossos reservatórios. “Se verem focos de fumaça, acionem as autoridades, evitem jogar lixo nas ruas, principalmente em borda de matas urbanas, mantenham os terrenos limpos e denunciem se verem alguém ateando fogo, porque causar incêndio proposital é um ato criminoso. Fogo para limpar não existe e manejo de fogo só com autorização dos órgãos competentes e licenciadores”, finalizou.

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