Pandemia e crianças em casa, afinal, o que fazer para entreter a galerinha? A família de Cleuza Ribeiro Costa, de 54 anos, decidiu montar uma casa na árvore no terreno em frente à sua residência, no Jardim Cambuy, em Araraquara.
Avó de três netos, com idades entre 11 e 4 anos, a casinha veio em boa hora. É um sucesso no bairro, e não só. Crianças de outros bairros vêm até a casinha para brincar nos finais de semana.
“Quando começou a pandemia meu filho pensou: Meu Deus o que vamos fazer com as crianças? E elas pediram também, e conseguimos fazer. Aí virou um ponto turístico para as crianças, elas vêm de outros bairros brincar, de longe. Domingo a tarde está sempre com mães e crianças, trazem lanche e ficam brincando”, conta.
A casa na árvore foi feita aos poucos com material reciclável e madeira, e tem um balanço ao lado para complementar a brincadeira.
A psicóloga Luzia Helena das Neves Teixeira lembra que a pandemia trouxe mais oportunidades de convívio entre pais e filhos, e que toda brincadeira ao ar livre é sempre mais divertida.
“Essa convivência pôde aproximar filhos e pais, o que já é um ganho disso tudo que estamos vivendo. A brincadeira faz parte da criança, pois a criança brinca o tempo todo. Se os pais conseguirem ver e ouvir seus filhos serão capazes de brincar muito. Não há regras na brincadeira, o segredo é se deixar levar pela criatividade da criança. A brincadeira livre sempre é a mais divertida”, diz.
Nesta sexta-feira (28) é comemorado o Dia Internacional do Brincar. A psicóloga reforça que é importante aliar brincadeiras tradicionais na era virtual.
“Para a criança o contato com outras crianças é muito importante, pois nesse encontro há trocas sociais muito significativas que a vida virtual não proporciona. O ponto é encontrar um equilíbrio. Encontrar pequenos momentos ao longo do dia ou mesmo aos finais de semana para um momento em família: jogos, filmes e as sensacionais brincadeiras tradicionais (pé no chão, ar livre)”, comenta.
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CASINHA INSPIRADORA
A manicure Marilsa Liberatti costuma passear com os netos pelo Jardim Cambuy e viu a casa na árvore. Tanto o neto quanto a avó ficaram encantados. Ela falou com o marido e decidiram construir uma na esquina da casa em que moram.
“Meus netos vêm sempre passear aqui aos finais de semana e descobrimos a casinha no terrenão aqui perto. Aí veio a pandemia e eu e meu esposo conversamos de fazer também uma casa na árvore”, lembra.
Conversaram com um vizinho e começaram a construir uma casinha toda colorida com paletes. Brinquedos, um balanço e até uma mesa com lápis, papel e banquinho para as crianças pintarem foram colocados na parte de baixo. Um banco para os pais e avós também foi colocado depois.
Assim que a casa ficou pronta, a manicure reforçou em sua rede social que a casinha era para todos e não somente aos seus netos. Outros brinquedos também seriam bem-vindos para somar na brincadeira. Todo mundo adorou e topou. A casinha é recheada de bonecas, carrinhos e livros.
“Vem muita gente de outros bairros, vizinhos que não conhecíamos, a casinha nos aproximou. É uma alegria para nós porque é muito gratificante escutar as crianças brincando”, conta.
A moradora enfatiza que sempre tem que ter algum adulto acompanhando as crianças. “Sempre tem adulto junto, porque não dá pra gente se responsabilizar por alguma criança, e tem dado muito certo”, conclui.
Apesar de toda mobilização e diversão com as crianças, a “casinha original”, em frente a residência da Cleuza Costa pode estar com os dias contados. Uma construtora está construindo apartamentos no terreno.
“Agora estamos com medo porque estão construindo aqui e a engenheira falou que vão cortar todas as árvores. Ficamos tristes, as crianças amam isso. Poderiam só podar e deixar a árvore com a casinha. Vamos tentar conversar com a engenheira para não derrubar, as crianças vão ficar tristes”, reflete.
Mas se a casinha sair de lá, quem sabe outras não aparecem por aí.