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No dia 17 de maio é celebrado o Dia Internacional de Luta Contra a LGBTfobia. Nesta data, no ano de 1990, a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirava a homossexualidade da lista de distúrbios mentais da Classificação Internacional de Doenças (CID).
Mas, no Brasil, não há muito o que celebrar 32 anos depois. O país é o que mais mata LGBTQIA+ no mundo. As maiores vítimas são as mulheres trans negras.
De acordo com a ONG Grupo Gay da Bahia, que faz levantamento sobre violência contra LGBTs no território brasileiro, a cada 29 horas uma pessoa é morta devido a sua orientação sexual ou identidade de gênero. Foram 276 homicídios e 24 suicídios em 2021, um salto de 8% comparado ao ano de 2020.
O grupo realizou um relatório apontando que 35% dos casos foram registrados na região Nordeste, com a região Sudeste na sequência ( 33%).
O maior número de mortes foi em São Paulo (42), seguido da Bahia (32) e Minas Gerais (27).
ARARAQUEER
Em Araraquara, meio que na contramão do país, políticas públicas LGBTs são pautadas e desenvolvidas através da Assessoria Especial de Políticas LGBTQIA, Conselho Municipal LGBT, e Centro de Referência LGBTQIA+ . Uma casa abrigo e um ambulatório trans estão em construção na cidade.
“Nós temos um escopo de políticas públicas que é uma realidade e que destoa um pouco da realidade nacional que são o centro de referência, assessoria de políticas , o disque- LGBTfobia, entre outros, para tentar tornar a vida do LGBT mais digna na medida do possível”, apontou Filipa Brunelli, primeira vereadora trans eleita da Morada do Sol.
No mês de combate a LGBTfobia, programações virtuais e presenciais são realizadas tanto na rede pública do município quanto em instituições de educação e saúde para tratar da problemática da discriminação de gênero e sexualidade.
Para a vereadora, é necessário discutir e levar o assunto além da comunidade LGBT.
“É uma data de reflexão, para por a mão na consciência e pensar o que está acontecendo com a sociedade. Por que quando você coloca em prática a LGBTfobia, a sociedade está doente. Em Araraquara a realidade não está desprendida da realidade nacional, graças a Deus não tivemos homicídio nos últimos anos em decorrência da orientação e identidade de gênero, mas há um aumento de denúncias de transfobia e LGBTfobia”, apontou.
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CELEBRAÇÃO DA REFLEXÃO
A assessora de políticas públicas LGBTQIA+ de Araraquara, Érika Matheus, apontou que o 17 de maio é uma data essencial para a comunidade, um marco conquistado pela despatologização da homossexualidade.
“O dia é extremamente importante devido a despatologização da homossexualidade, no combate mundial da LGBTfobia, mas não é um dia só de celebração, mas sim de reflexão, luta e conscientização. O Brasil é o país que mais mata mulheres trans negras”, reforçou.
Para Érika, que é uma mulher trans negra, hoje em dia é muito difícil uma família não ter nenhum membro LGBT. Ela é coordenadora o Centro de Referência na cidade e reforçou que todo apoio é fundamental para a aceitação, proteção e respeito do LGBTQIA+.
“A maior demanda do centro de referência é em relação ao tratamento psicológico no trabalho de entendimento em relação a própria sexualidade e de identidade de gênero, além de e traumas de violência e questões voltadas ao trabalho”, apontou.
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PARCERIAS
Fora o atendimento psicológico, há encaminhamento de currículo para empresas parceiras, retificação de nome, registro e acompanhamento de denúncias LGBTfóbicas, entre outros serviços.
“Como o mercado econômico da cidade está voltando a se movimentar, nos encaminhamos currículo para empresas que pedem. Ainda sim, há muito oque ser feito em um trabalho conjunto, com pessoas LGBTs e não LBGTs”, frisou.
O Centro de Referência LGBTQIA+ atende no momento pessoas com mais de 18 anos, e estuda em breve atender outras idades.
SERVIÇO
Endereço: Avenida Espanha, 536 – centro.
Telefone: (16) 3339-5002