NOSSA GENTE
Despachada e carismática, sua voz meio alta e um pouco rouca é bem conhecida por todos na principal rua do comércio de Araraquara, a Rua Nove de Julho (Rua 2).
Cidinha Mineirinha é uma figura carimbada. Tem muita personalidade e estilo, cabelo curtinho e alargadores nas orelhas compõem seu visual.
Há 10 anos ela vende Hiper Saúde, seu único emprego e fonte de renda. “Trabalho pra ajudar o Hospital de Barretos e ganhar meu pão de cada dia”, diz.
Em uma mesinha na esquina de uma grande loja de departamento, ela fica o dia todo vendendo o título de capitalização e de prosa com seus amigos e amigas.
Atenta a tudo e a todos, conhece praticamente todos os vendedores, consumidores e pedestres do entorno do seu QG. Ou melhor, todos a conhecem.
“Geralmente as pessoas que me conhecem, né. Aí param aqui, conversamos. O amor é tão grande, eu amo todos, no momento que me cumprimentam eu já pego amor, é uma coisa química mesmo. Eu fico atenta a tudo que acontece, quem para errado na faixa, eu ajudo as pessoas com problemas de visão a atravessarem a rua. É difícil eu perder alguma coisa, estou sempre atenta “, conta.
Nascida em Uberaba, Minas Gerais, Maria Aparecida de Jesus tem 52 anos e mora há 30 anos em Araraquara, é moradora do bairro do Iguatemi. Aqui se casou e criou seus dois filhos: “um é açougueiro e o outro farmacêutico”, conta ela orgulhosa. Ela tem ainda dois netinhos, uma menino de dois anos e de nove anos.
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DIVERSÃO E AMIZADE GARANTIDA
No momento da reportagem, muitas pessoas paravam na calçada, buzinavam e brincavam com a Cidinha. Parecia um dia de festa, com toda energia e alegria típica da mineirinha.
A amiga Maria Margareth leva água geladinha para ela todos os dias há anos. Foi uma amizade que nasceu no dia a dia. As duas trabalham no mesmo quarteirão.
“Ela é maravilhosa e muito divertida, um amor, todo mundo gosta dela. Eu trabalho aqui perto em um apartamento e todo dia trago água geladinha para ela”, conta dona Margareth.
Cidinha lembra que estamos em um momento complicado da pandemia, e que é muito bom ajudar o próximo e ser amigo.
EXPECTATIVAS
Cidinha conta que devido a pandemia do novo coronavírus, muitos clientes sumiram e que o comércio anda meio devagar. Porém, ela tem expectativas e muita fé em Deus que tudo vai melhorar.
“Os clientes deram uma sumida na pandemia, está tudo meio devagar, mas vamos ver se melhora assim que normalizar as coisas. Muitos perderam o emprego e não está fácil para ninguém, mas estou agradecendo a Deus pela vida e pelo pouco que ele me dá, agradeço pelo dia e pela noite. Deus proverá”, frisa.
MAIS CUIDADO NA PANDEMIA, GENTE!
Apesar de toda garra e alegria no dia-a-dia, Cidinha perdeu a mãe e uma prima que estava grávida de 7 meses para a covid-19, no ano passado.
Sua mãe tinha 74 anos e era hipertensa, fora a diabetes. Já a sua prima, de 34 anos, faleceu após receber visita de parentes jovens assintomáticos. O bebê morreu após 21 dias. As duas não moravam em Araraquara.
Ela faz um alerta a todos que vê diariamente “passeando” pelo centro da cidade, incluindo idosos e grávidas, muitos sem máscara.
“Gente, por favor cuidem de seus idosos, de suas grávidas, se cuidem. Não deixem os idosos saírem, eu passei por isso e não está sendo fácil. Eu estou aqui porque preciso trabalhar, pra comprar meu arroz e pagar minhas continhas, porque senão não estava aqui não”, expõe.
Cidinha não está no grupo de risco e deve aguardar a vacinação assim que for liberada para todos. Ela confessa que escuta muita conversa sobre a vacina, e às vezes fica com receio. “Eu sou do povo, né, e escuto de tudo”, diz.
Mas seu genro, que é enfermeiro, está prestes a tomar a vacina, e assim ela espera ficar mais tranquila. “Quem ama seus pais e avós cuida. E a pandemia ainda não acabou, vamos lembrar”, finaliza.