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CotidianoCientista social analisa discursos de ódio em redes sociais

Cientista social analisa discursos de ódio em redes sociais

Para o professor Geander Barbosa das Mercês, opinião não é desculpa para propagação de crimes em comentários postados na internet

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No Brasil, o racismo ocupa o primeiro lugar entre os crimes virtuais (Foto: Divulgação)

A propagação de comentários em redes sociais pode conter manifestações de racismo disfarçadas de opiniões, o que nesses casos pode configurar crime. A análise é do cientista social Geander Barbosa das Mercês, sobre internautas tentando diminuir a importância de reportagens sobre o Mês da Consciência Negra, por exemplo.

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“O racismo brasileiro se apresenta de forma complexa e velada, por isso, é difícil de ser superado e denunciado. O debate da livre expressão não pode ser dissociado da responsabilidade social. A opinião não pode propagar crimes”, avaliou o professor Barbosa das Mercês, doutorando em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara.

No Brasil, o racismo ocupa o primeiro lugar no ranking de crimes virtuais mais comuns e o Facebook é o site com mais registros de denúncias, de acordo com levantamento realizado em 2017 pela ONG SaferNet.

No levantamento, foram apontadas 1751 denúncias de racismo na rede social, quase 58,3% dos registros de toda a internet. O Twitter e o YouTube completaram o ranking em segundo e terceiro lugar, respectivamente.

ESTRUTURA

Para o sociólogo Barbosa das Mercês, a sociedade brasileira, atualmente, apresenta uma estrutura vinculada ao racismo, que atua em todos as esferas sociais e é velado, justamente pelo fato de muitas pessoas não reconhecerem sua existência, como mostram comentários nas redes sociais.

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“O que está em evidência é que uma parcela dos internautas usa o espaço virtual como propagador de uma opinião. No entanto, não podemos esquecer que as práticas racistas e discriminatórias são práticas criminosas”, avaliou.

Ele ressaltou que, em muitos casos, pessoas negras escrevem nas redes socias afirmações como “eu sou negro e não passo por isso”. No entanto, o sociólogo avalia que a trajetória de um indivíduo não pode ser tomada como a realidade de toda a comunidade negra.

HISTÓRIA

Segundo o analista, é preciso levar em consideração que o Brasil recebeu milhões de africanos e africanas que foram escravizados por 388 anos, em uma história de 521 anos. E que as mazelas desse período de escravatura deixaram marcas percebidas ainda hoje.

“Os dados do Mapa da Violência mostram que pessoas brancas têm melhores indicadores sociais, como salários, acesso a emprego e universidades, em relação as pessoas negras. Esse é um dado geral, mas pode ser facilmente observado na realidade de Araraquara”, acrescentou.

EDUCAÇÃO

Finalmente, Barbosa das Mercês acredita que os comentários diminuindo a história de luta do movimento negro nas redes sociais reforçam as nuances e características do racismo e a necessidade do debate sobre a Lei 10.639, que prevê a inclusão do tema História e Cultura Afro-Brasileira nas grades curriculares de ensino.

“Araraquara não pode ser lembrada como a cidade dos linchamentos e das violências contra grupos sub-representados. Devemos construir e lutar por uma sociedade equânime e justa para negros e não negros, ou seja, para todos os cidadãos do munícipio”, concluiu.

LEGISLAÇÃO

Vale lembrar que nesta quinta-feira (18), o Senado Federal aprovou projeto que incluiu a injúria racial na Lei do Racismo e aumentou a pena para 2 a 5 anos de prisão. Atualmente, a injúria racial está descrita no Código Penal, que determina punição de 1 a 3 anos para quem comete o crime.

A pauta da sessão no Congresso Nacional foi temática em homenagem ao Dia da Consciência Negra (20 de novembro), data da morte do líder quilombola Zumbi dos Palmares.

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