O ministro da saúde, Eduardo Pazuello, apresentou dia 17/02, para os governadores dos estados da federação, cronograma para a entrega de 230,7 milhões de doses de vacinas. Mostrou também os contratos para as compras. Houve na oportunidade o anúncio detalhado de quantidades e procedências mês a mês. É possível conferir os detalhes no site do Ministério da Saúde.
Igual ao que já ocorreu até o momento, é de se presumir que haverá nesse cronograma o envio de doses para os municípios com base em dados populacionais. Por haver no Brasil população de mais de 200 milhões habitantes, a quantidade a ser enviada sugere ser suficiente para a primeira imunização. O necessário segundo envio ou possíveis datas não foram então anunciadas.
Tão logo assumiu o ministério da saúde, em setembro de 2020, Eduardo Pazuello substituiu chefias de diversos departamentos, coordenadorias ou seções por militares de sua proximidade. Procedeu em função de obter pleno domínio da denominada máquina pública. Ao assim agir, no entanto, afastou pessoal qualificado em saúde pública. Ganhou poder, mas renunciou ao saber. O resultado dessa atitude de dominação e aparelhamento da administração pública está no elevado e continuado número de mortos, infectados e também nos problemas constatados. Seguem os exemplos.
Um frasco de vacina é multidoses. Quando aberto para o uso determina prazo exíguo para o seu consumo. No caso da vacina CoronaVac o prazo é de 8 horas. Por isso, caso não haja vacinados suficientes para o consumo total do frasco, a preciosíssima medicação pode ser inutilizada por tempo vencido. As filas da “xepa da vacina”, em frente de postos de vacinação, comprovaram a existência dessa ineficiência entre abertura do frasco e imunizações suficientes para evitar o desperdício. Mesmo que ainda não computado o mal uso, já houve anomalia com potencial de talvez resultar em centenas ou dúzias de mortes que poderiam ter sido evitadas. Bastava para impedir isso orientação federal segura em onde alocar as vacinas e também a de definir grupos prioritários com maior acurácia. Ambas as ações não ocorreram.
A relutância do presidente da república em compreender que a vacinação no âmbito de país continental com discrepâncias regionais de toda a ordem deveria orientar-se por mais do que uma alternativa de procedência dos imunizantes, associada a sua performance em redes sociais enquanto disseminador de estigmas de estilo bulling adolescente com empresas farmacêuticas , inviabilizou, logo de início, alternativas. A resultante foi a intencional opção por cota mínima de 10%, quando poderia ser de 50%, no mecanismo da Covax coordenado pela ONU para em âmbito mundial prover as nações de vacinas. Ficou assim demonstrada, mais uma vez, a extravagante visão reduzida das autoridades federais que talvez cause o não acesso a milhões de doses.
Além desses exemplos todos, a descabida disputa entre o Governador de São Paulo e o Presidente da República só trouxe agravantes em ambiente de confusão. Ambos, apesar dos cargos públicos que ocupam, concorreram para iludir a todos com o falso objetivo de que o importante seria conseguir bater primeiro no pique em esconde-esconde de criançada na rua. Os dois mandatários não têm como vacinar na escala necessária de enfrentamento da tragédia e na forma criteriosa que permita conformidade com os casos relatados. Araraquara assim o demonstra. Houvesse aqui a vacinação em massa necessária ao enfrentamento que já se vislumbrava, até em semanas antes, a situação aqui bem melhor seria.
Outro exemplo semelhante de inequívoca falta de coordenação está em Manaus. Se para lá houvesse a destinação de número de vacinas condizente com os número de casos, ao invés de ter por base a população residente, talvez não tivéssemos oferecido ao planeta uma variante com mais transmissibilidade. Nesse caso, porém, o que se fez prevalecer foi a tese da validade da imunização do rebanho, álibi da mera incúria. A consequência nefasta, no entanto, foi a de promover nova variante do vírus, como se fosse a cidade e seus habitantes laboratório de Josef Mengele.
O uso de gados ou rebanhos servem para a produção animal do campo ou para ajuntar seguidores, brucutus e acéfalos sociais. No mundo real e diante de pandemia em nada resultam. Além disso, negligência, inépcia, mentalidade retrógrada, rancor e brutalidade de bulhufas servem para de verdade demonstrar amor pelo Brasil. Deixar à própria sorte um povo, bem maior da pátria, diante de doenças é estar contra contra a alegria, ao trabalha com energia e a visão de um futuro com esperança renovada. Que dias melhores virão temos todos certeza. Nossa angústia geral é quanto tempo ainda demorarão para chegar?