A palavra corrupção possui um amplo sentido nos dias de hoje. Contudo, os significados se canalizam numa ideia: a corrupção é a degeneração de algo. Corromper é degradar as formas de conduta, as relações, as instituições, para se atingir um outro fim que geralmente corresponde à um interesse particular. É deixar de cumprir com o dever, e o dever seria um padrão normativo para se alcançar o bem-estar comum.
Trazendo isso para a política, a palavra ganha um sentido mais comum e polêmico. Há diferentes formas de corromper a política, sendo das mais comuns: a “compra” de servidores públicos, de forma a alterar sua conduta e garantir beneficies outras (como são os casos de propina à parlamentares para que estes aprovem projetos de lei em assembleias, por exemplo); o nepotismo, que consiste na concessão de cargos públicos, não levando em conta a capacitação da pessoa para o cargo, e sim sua relação parental (como é o caso de um Deputado Estadual, por exemplo, que se utiliza de sua influência para indicar e colocar familiares na política); e o peculato, que, a grosso modo, é o que conhecemos como o desvio de dinheiro público para uso em interesses pessoais/particulares de servidores públicos (ou a utilização omissa de um dinheiro destinado à um fim, para outro; como é o caso de campanhas eleitorais, fora de época, realizadas com dinheiro de fora do fundo eleitoral).
Todas as formas de corrupção citadas afetam muito negativamente na dinâmica política e social de um país. No Brasil, que se caracteriza por uma corrupção sistêmica (impregnada no sistema político e social), observa-se um sentimento de impunidade presente nas massas populares; há uma reação de descrença para com as instituições políticas (como as leis, partidos, e a vida política, num geral). Mas esse é um problema não só de ilegalidade dos políticos; é também um problema moral de toda a sociedade. Um governo corrupto só pode existir numa sociedade corrupta. Por isso, a conduta da sociedade e sua dinâmica política, ambas, necessitam estar alinhadas com uma forma mais ética, para constranger a corrupção.
De fato, a corrupção é inerente à vida humana, especialmente quando se considera a liberdade de escolha. A corrupção pode ser vista, também, como a “escolha ruim” para lidar com uma situação. Ou mesmo noutra perspectiva: sendo fruto da possibilidade de escolha, a corrupção pode vir a ser um mecanismo de rompimento com sistemas altamente burocratizados, como é o caso de legislações pouco objetivas ou, até mesmo, contraditórias, de difícil cumprimento. Assim, a corrupção, nesse caso, vem como a forma de existência dentro de um rígido emaranhado de regras. Podemos apenas considerá-la como paliativa e pontual. Entretanto, a permanência desse tipo de comportamento, na política ou nas pequenas relações cotidianas, só leva ao desgaste da vida em sociedade. Esse efeito negativo, no caso da nossa política, desemboca na quebra daquilo que se sustenta toda a dinâmica política (e, consequentemente, social), que é a sua legitimidade.
É por este motivo que a corrupção é um crime. Por mais comum que nos pareça um convívio social corrompido e uma política corrupta, seus efeitos são destruidores da democracia e da sociedade, como um todo. O combate à corrupção é essencial, e é um dever ético de todo o cidadão, seja na fiscalização da política institucional, nas organizações em que fazemos parte ou em nossos atos cotidianos; para que possamos mudar nossa conduta social, e o sistema político viciado em interesses particulares de uma elite (em oposição ao povo).
*Aluno de Graduação do Curso de Ciências Sociais da UNESP – Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara. O projeto “Pílulas de Educação Política” é realizado sob a supervisão do Prof. Danilo Forlini, responsável pela disciplina “Ciências Sociais e Educação: Diálogos com a Ciência Política” feito em parceria com o Prof. Bruno Silva, coordenador do blog Multipli_Cidade do Portal A CidadeON.