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CotidianoColunistasSaiba quem foi Bento de Abreu que dá nome à famosa avenida na Fonte

Saiba quem foi Bento de Abreu que dá nome à famosa avenida na Fonte

Fazendeiro, bancário e político ajudou a remodelar Araraquara após o linchamento dos Britos, no século XIX

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Avenida Bento de Abreu é uma das mais importantes de Araraquara (Foto: Amanda Rocha)

Em 1897, o linchamento de Rozendo e seu tio, Manoel de Brito, em praça pública, como uma retaliação pela morte do coronel Antônio Joaquim de Carvalho, deixava a imagem de Araraquara manchada perante todo o País. Linchaquara foi apelido difícil de ser digerido.  

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Depois deste triste episódio, um homem foi visto como capaz de transformar a cidade em uma nova Araraquara, seu nome era Bento de Abreu Sampaio Vidal, bancário, fazendeiro e político que viveu no século XIX. 

Seu nome está na rua, em uma das avenidas mais importante de Araraquara, a Bento de Abreu, que liga a Fonte Luminosa ao Centro. O projeto de lei que institui o nome da rua é de 1948. Logo depois, em 1952 uma lei também dá conta da construção de uma estátua em sua homenagem, na mesma avenida.   

Uma estátua em homenagem à Bento de Abreu foi construída na avenida que também leva seu nome, em Araraquara (Foto: Arquivo/ON)


Bento de Abreu

“Bento de Abreu é um homem essencial na história de Araraquara. Ele se uniu com outros políticos da época, como Carlos Batista Magalhães e Major Dario de Carvalho e também contava com o apoio dos fazendeiros, que detinham o poder econômico e cujo objetivo era reconstruir a cidade”, conta o historiador Hamilton Mendes.  

Foi como deputado e também presidente da Câmara de Araraquara, que Bento de Abreu ajudou na contratação de um escritório de arquitetura de São Paulo (o mesmo que desenhou o Teatro de São Paulo) para remodelar Araraquara. “Podemos dizer que Araraquara é uma cidade planejada graças a Bento de Abreu. A cidade foi pensada, com ruas largas, planas e com muitas árvores”, diz Mendes.  

A biografia feita pela Câmara Municipal de Araraquara diz que Bento de Abreu, como homem público realizou melhoramentos que tornaram Araraquara uma cidade modelo no Interior do Estado, com calçamento das vias públicas, iluminação, águas e esgotos, hotel, clube, estádio municipal entre outros.  
 

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Bento de Abreu Sampaio Vidal (Foto: Reprodução)

“Inclusive poucas pessoas sabem, mas a obra do antigo teatro municipal estava emperrada, ainda precisava fazer o teto e o acabamento. Foi Bento de Abreu, como fazendeiro, quem financiou a obra e em troca cobrou da Prefeitura a construção do Clube Araraquarense”, conta. 

O antigo teatro municipal foi construído em 1914 com mil lugares e foi demolido em 1966, para dar lugar ao prédio onde hoje funciona Prefeitura, na Avenida São Bento. O Clube Araraquarense, ao lado, onde atualmente é a Secretaria de Cultura.  

Entre as importantes obras desta época, impulsionadas pelo poder político de Bento de Abreu, também estão a Maternidade e Gota de Leite e da Santa Casa de Misericórdia, a oficialização do Ginásio do Estado (hoje EEBA) e criação da Escola de Farmácia e Odontologia de Araraquara.  

“Bento de Abreu foi um dos homens públicos mais importantes da história de São Paulo e não só de Araraquara”, reforça Mendes.  
 

Avenida Bento de Abreu nos anos 90. Na imagem uma ônibus passando pela rotário da antiga CTA (Foto: Reprodução)

Quem foi?
Bento de Abreu Sampaio Vidal nasceu na cidade de Campinas, em 17 de agosto de 1872. Filho de Joaquim José de Abreu Sampaio Vidal e Maria das Dores Sampaio Vidal. Quando nasceu sua família já era grande, pois seu pai Joaquim tinha três outros filhos de seu primeiro casamento.  

Bento passou parte de sua infância e juventude na casa da família, na cidade de São Carlos, mas na adolescência voltou para Campinas para estudar.  

Cursou no Colégio Culto à Ciência, onde recebia ensinamentos baseados no ideal positivista que fascinou a mente de parte da elite cultural paulista, norteando suas principais ações políticas e sociais, durante os últimos decênios do século XIX e as primeiras décadas do novo século. Neste colégio conheceu personalidades como Alberto Santos Dumont.  

Não chegou a concluir o curso secundário. São duas hipóteses para isso, talvez porque o surto de febre amarela fechou alguns colégios naquela época ou ainda porque seu pai o escolheu para gerenciar os negócios da família.  

Aos 17 anos Bento de Abreu trabalhava com seu pai, primeiramente na fazenda com negócios de café e depois, na Casa Bancária em São Carlos, onde exerceu as funções de diretor-gerente.  

Bento de Abreu era conhecido por ser arrojado e dedicado, herança do patrono, um dos fundadores de São Carlos do Pinhal.  

Aos 22 anos de idade, em 1895, Bento de Abreu se casou com Maria Izabel de Arruda Botelho, filha de Bento Carlos de Arruda Botelho e Maria Izabel de Oliveira Botelho, família tradicional de São Carlos. Dessa união nasceram 11 filhos.  

A falência do Banco União de São Carlos, difícil fato na vida da família de Bento, fez com que ele deixasse a cidade de São Carlos, adquirisse a fazenda Boa Vista, localizada na Sesmaria das Almas, então município de Araraquara, rebatizando-a com o nome Fazenda Alpes, onde passou a residir e colocou em prática o aprendizado administrativo com a experiência bancária, aliado ao que sabia sobre a cafeicultura.  

“Quando chega a Araraquara, Bento de Abreu se empenha em ajudar a construir uma nova cidade e assim o faz”, diz o historiador.  

Avenida Bento de Abreu liga a região da Fonte com o Centro de Araraquara (Foto: Amanda Rocha)

Em Araraquara, Bento de Abreu foi presidente da Câmara e exerceu influência forte na política. Foi ainda deputado estadual. Como fazendeiro ajudou a fundar a Sociedade Rural Brasileira e foi secretário de agricultura do Estado. Acabou ainda acompanhando os acontecimentos políticos que desencadearam a Revolução de 1930.  

A partir do início da década de 1940, Bento de Abreu vai, aos poucos, passando as atribuições de suas atividades aos filhos e genros.  

Faleceu em 15 de maio de 1948 na cidade de São Paulo e foi sepultado no cemitério da Consolação junto com a sua esposa Maria Izabel falecida em 26 de julho de 1930.

Em 17 de maio daquele ano, a Assembleia Legislativa de São Paulo realizou uma sessão extraordinária em homenagem à sua memória. Seu nome está em vias públicas das cidades de Santa Lúcia, Marília, Bento de Abreu, entre outras.

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