Um estacionamento na Avenida Espanha, no centro de Araraquara, prende a atenção de quem passa por lá: são os temperos e plantas da Horta da Iva.
Evanira Ayuso Garcia, de 65 anos, a Iva, é paulistana radicada na Morada do Sol, e esbanja alegria ao falar sobre a pequena horta que começou durante a pandemia do coronavírus, no ano passado.
As plantas e temperos a ajudam a enfrentar uma forte depressão.
Ela conta que nunca havia trabalhado com terra e plantas, sua rotina era, pelo contrário, ligada a computadores e contabilidade.
Já trabalhou em uma das maiores empresas do país: Petrobrás, Vale do Rio Doce e IBM Brasil, e também em joalheria.
“Eu tive uma depressão muito forte em São Paulo e vim pra Araraquara trabalhar, mas quando veio a pandemia fiquei desempregada. Minha profissão nunca foi essa, já trabalhei nas melhores empresas do país. Eu saí daquele meio de computadores e contabilidade , banco, pra ficar aqui com cuidando das minhas plantinhas”, conta.
Em Araraquara, ela conseguiu um emprego em um estacionamento no ano passado, e tudo se transformou.
“Comecei cuidando do estacionamento, arrumava clientes, foi aumentando o movimento, e uma das clientes se propôs a trazer umas plantas que tinha em seu sítio. Todo tipo de tempero, cidreira, orégano, hortelã, pimenta, aí fez uma horta pra gente aqui no fundo”, lembra.
Assim começou a horta da Iva e uma grande mudança em sua vida.
AJUDA PELAS PLANTAS
Iva começou a plantar sem saber, aprendeu a adubar e hoje faz compostera. Tudo é feito lá, sem produto químico.
“Eu ainda tomo remédio mas isso aqui pra mim é tudo, pode tá chovendo, eu tô em paz. Não ganho mais dinheiro como ganhava, ganho muito menos, mas Deus também tem me ajudado muito”, agradece.
Os clientes adoram a hortinha. Muitos trazem mudas e novos temperos para ela.
“Hoje Graças a Deus consigo vender minhas plantinhas, pessoal me conhece e todo mundo que entra aqui dentro peço pra Deus abençoar, todos voltam e se tornam meus amigos. Me dão planta, mudas, é muito bom”, comenta.
Uma das plantas mais procuradas é a panc “Peixinho”, ela é comestível e ao ser empanada e frita, fica com textura crocante.
Indagada se voltaria para São Paulo, Iva responde sem pensar: “Eu espero não voltar pra lá, venho sempre pra cá desde 2007, já trabalhei em joalheria, mas nunca fui tão feliz como sou aqui”, enfatiza.
Iva tem dois filhos que moram em outras cidades, e devido a pandemia do coronavírus não tem recebido visitas, pois estão respeitando o distanciamento social. “Gosto da companhia das plantas”, finaliza.
